São tantas as críticas envolvendo a
pessoa do Padre Paulo Ricardo que fica até difícil elencá-las. Fiz um sumário
das principais; meu artigo visa o público católico, motivo pelo qual elegi os
tópicos abaixo.
Eu conheci o Padre em uma de minhas
viagens a Cuiabá/MT. Fui hospedado por uma noite no Seminário Cristo Rei, do
qual o Padre era o Reitor. Tive a oportunidade de ir ao Shopping com o padre
para comermos uma pizza e conversarmos. Digo a vocês que, depois deste momento,
fiz a melhor confissão da minha vida. Percebi nele um profundo conhecedor das
misérias humanas... Um excelente Pastor de almas. Eu estava no auge das minhas
dificuldades vocacionais e minhas indecisões (somadas a minha falta de caráter
e virtude) que me levavam a grandes sofrimentos; como sempre, as tensões
acabavam explodindo na afetividade e na sexualidade (realidade muito gritante
da nossa juventude). Fiquei impressionado com a clareza, coma compaixão e com a
humildade que vi no Padre. Isto foi há alguns bons anos atrás.
Em Porto Algre/RS estive mais uma vez
com o Padre Paulo. Vi-o pregar para os Seminaristas do Renasem com muita
propriedade, equilíbrio e humanidade.
Li “Um olhar que cura”, obra
maravilhosa! Fiz alguns cursos online (Teologia Mística e Dons Carismáticos,
Teodicéia, História da Igreja Antiga, Marxismo Cultural) e estou em andamento
com outros cursos. Assisti grande parte dos vídeos da série “Parresía” e
“Resposta Católica”. Acredito que conheço um pouco o pensamento do Padre Paulo,
motivo pelo qual me ponho a escrever.
1. O Padre
Paulo Ricardo é legalista, super preocupado com a “norma”, o “dogma” e possui
uma visão negativa a respeito do homem (é desumano).
Esta acusação é bem comum. A mídia
usava (e usa) os mesmo qualificativos (ou “desqualificativos”, na verdade) para
o Papa Emérito Bento XVI, com quem eu pude estar duas vezes ( e todos os que
conviveram com ele exaltam a sua grande humildade e simplicidade).
Pelo que tenho lido e visto, tudo o que
o Padre Paulo Ricardo diz vem acompanhado de citação magisterial (e quando não
é assim o próprio Padre “brinca” e diz: “Cuidado, esta é a minha opinião!”).
Nisto eu percebo um verdadeiro cuidado, por parte do Padre, em ser um simples
ARAUTO e não um sofista. O Arauto, nos tempos antigos, era aquele que, em alto
e bom tom, lia os decretos de seu rei para o povo. Quando digo que vejo no
Padre Paulo um ARAUTO, quero dizer que ele não fala “de si mesmo”, “não fala do
que ele pensa simplesmente”, mas expõe a doutrina e cita a fonte.
Queridos, a nossa Igreja é Apostólica.
Que significa isto? Que ela remonta aos dias dos Apóstolos numa verdadeira
“CATENA” de ensinamentos que formam o Depósito da Fé. Não há espaço para
relativismos na Igreja Católica: Temos o Papa e os Bispos – em comunhão com ele
– como fatores visíveis da nossa unidade. O “dogma” e a “norma” não
são algemas, imperativos de coerção ou imposições; são, antes, “pontos de
partida”, sinalizadores que nos apontam o reto caminho. Não são pontos de
chegada, mas pontos de partida. Ignorar os dogmas e as normas podem trazer
consequências daninhas para o homem, uma vez que distorcem a verdade objetiva e
desorientam àquilo que todo coração humano busca.
Um verdadeiro humanismo cristão jamais
abre mão da verdade, afinal: É a verdade que liberta o homem.
2. O Padre
Paulo é retrógrada e Tradicionalista.
Aqui nós precisamos aclarar uma série de
termos. Um Padre que acompanha a RCC muito amorosamente na Diocese de Cuiabá,
que está em comunhão constante com a Comunidade de Vida e Aliança Carismática
Canção Nova, que defende a existência dos dons carismáticos e que reconhece ter
feito experiência com Cristo por meio da Renovação em sua juventude (lá nos
Estados Unidos)... Para
tradicionalista não serve!
Tradicionalistas, em geral, são aqueles
que não aceitam o Concílio Vaticano II e nada do que aconteceu de lá pra cá (o
que não é o caso do Padre Paulo em absoluto!). São aqueles que gostariam de
voltar à Igreja de “200 anos atrás”, sem nada de novo (o que não é o caso do
Padre Paulo).
Retrógrado por quê? Por causa da
fidelidade à Liturgia? Por causa da transmissão da fé e da moral da Igreja?
Nós estamos diante de um “vento de
modernismo” que deseja fazer do Concílio Vaticano II uma “ruptura” com toda a
tradição da Igreja, o que ele não é em absoluto. Mostrem-me, por exemplo, algum
pronunciamento do Vaticano II com a abolição do Latim, ou da Batina, ou de
algum posicionamento moral da Igreja sobre os temas da Contracepção,
Homossexualidade, Relação Sexual fora do casamento, masturbação, etc.
O Padre Paulo Ricardo é um sacerdote
conservador aberto para o novo, sempre que em harmonia com o tesouro bimilenar
da Igreja, embora, na minha opinião, ele tenha um viés, uma tendência para o
tradicionalismo em alguns aspectos (vou tratá-los a seguir).
3. O Padre
Paulo Ricardo denigre a imagem da CNBB e forma seguidores com o mesmo viés.
Este é, quem sabe, um dos temas mais
delicados dentre os que elenquei acima.
Tivemos alguns episódios relativos à
Campanha da Fraternidade e, mais recentemente, a questão do PLC 03/2013.
Acompanhei os pronunciamentos do Padre
Paulo Ricardo nos dois temas. Não posso definir de outro modo que não seja
“parresia” a coragem do Padre Paulo de se pronunciar nestas questões. Vi, nos
pronunciamentos, um enorme esforço, por parte do Padre Paulo, em respeitar a
CNBB e, ao mesmo tempo, manifestar opinião contrária, embasando cada afirmação
com muito cuidado.
O problema, aqui, não é o Padre Paulo,
mas sim os “seguidores”. Falarei disto abaixo.
A CNBB é um organismo criado para gerar
comunhão pastoral entre os Bispos, que são soberanos em suas dioceses. Ela não
goza de autoridade sobre os Bispos Diocesanos, embora todos eles sejam
cuidadosos em fazer cumprir os lineamentos oriundos da CNBB.
Acredito que o Padre Paulo, quando teve
que falar de algum ponto divergente com a CNBB... O fez com muita dignidade e
respeito.
4. O Padre
Paulo Ricardo é contra o Rock
Foi por ocasião do “Rock in Rio” que o
Padre Paulo se pronunciou. O Padre fundamentou muito bem a sua posição, oferecendo
pesquisas e fontes muito sólidas sobre o assunto. Contudo, trata-se da opinião
dele (embora tenha sido uma opinião contumaz e muito bem embasada).
Eu, por outro lado, pude conhecer
ministros de louvor que, por meio do Rock, puderam ser instrumentos poderosos
nas mãos do Senhor. Vi jovens derramando suas almas nas “Viradas Radicais” que
os jovens da RCC organizavam, na Cidade de Curitiba, em praça pública. Deste
modo, acredito que, quando os músicos são ungidos e usados por Deus, o Rock
pode ser um canal valioso (eu vi isto acontecer... Ninguém me contou).
Agora, eu levaria muito em conta tudo o
que o Padre comentou e buscaria fazer disto matéria de estudo, de conversão, de
cuidado pastoral. O Ministro de Louvor que evangeliza com o Rock, na minha
opinião, deveria passar pela Escola Permanente de Formação (no caso dos
carismáticos).
Aqueles que não concordam com o Padre
Paulo Ricardo neste quesito devem expor isto com argumentos, ideias,
fundamentações. Não basta dizer “tenho raiva dele” ou “quero que ele tome um
chá de sumiço”. Ideias devem ser rebatidas com ideias. Até agora eu tenho visto
os opositores do Padre Paulo não fazerem mais que xingamentos sem expor uma
única ideia fundamentada sobre o tema, para contrapor ao que o Padre diz.
5. O
Padre Paulo Ricardo enxerga o Marxismo em tudo
Esta também é uma colocação frequente. O
próprio Padre Paulo Ricardo, contudo, numa das primeiras “áudios” que ouvi
sobre o tema, pedia, ironicamente, para que, por favor, nós duvidássemos dele!
Acredito que o Padre Paulo tenha uma
visão muito bem fundamentada do tema e que está exposta no curso (que eu fiz!).
O que, as vezes, me cansa sobre este
tema é fato de que estamos constantemente “pegando no radar”a multidão de
marxistas do Brasil, mas nunca vejo uma iniciativa “construtiva” no campo
político (embora o próprio curso já seja uma). Quero saber aonde estão os
“mocinhos” no Brasil, se eles existem. Quero esperança! Cansei de ficar
apagando o incêndio, apontando o número de abortistas e ativistas liberais
existentes nos mais diversos partidos.
6. Padre
Paulo Ricardo X Guilherme do Rosa de Saron
Acredito que a aula do Padre Paulo
Ricardo sobre o tema da Salvação “fora” da Igreja Católica já tenha esclarecido
muito bem o tema.
O Guilherme se expressou mal, o que não
o torna um herege em absoluto (embora o conteúdo da fala seja herético, porque
está errado). Por incrível que pareça eu estava no meu intervalo de trabalho e
estava assistindo o Programa da Fátima. Vi o que foi falado e não posso
concordar. Em primeiro lugar, foi dito que depois de João Paulo II nós
estávamos ali... Na expectativa... Até que Deus nos deu o Papa Francisco! Mas,
espera um minuto: E o Papa Bento XVI? Infelizmente, a mídia liberal e os
"católicos" liberais taxaram Bento XVI de nazista, pedófilo e outras
atrocidades... E não posso admitir que um representante da Juventude Católica
corrobore para manter este tipo de pensamento, como se o período de pontificado
de Bento XVI não tivesse passado de "um largo tempo de espera por um Papa
melhor". Não foi dito isto em nenhum momento! Não posso culpar o Guilherme
por isto (porque ele não falou nada disso), mas precisamos ter cuidado quando
falamos em público como Igreja, porque tudo isto é pode ser lido nas
entrelinhas.
Nós, como católicos, precisamos ser
Arautos e não sofistas. Explico: Um arauto é aquele que recebe e transmite uma
mensagem que não é sua, mas do Rei que a redigiu. O arauto só precisa
transmiti-la, porque a mensagem não é sua, não vem "de si". O Sofista
é aquele que pensa deter a sabedoria e transmite o que ele pensa, o que ele diz
dominar. Quando nos posicionamos como Católicos, somos Arautos da Doutrina
Católica. Devemos apenas transmitir fielmente a Doutrina. Para isto, é preciso
conhecê-la.
Eu gosto da Banda Rosa de Saron! Oro
para que sigam adiante e sejam canais de graça. Isto, contudo, não me exime de
falar a verdade.
7.
Algumas críticas minhas ao Padre Paulo
Vou ousar, aqui, levantar uma crítica a
alguém que eu amo muito em Cristo. Sei que ele as receberá virtuosamente.
No curso sobre Dons Carismáticos vi os
alunos mais "tradicionalistas" rasgando as vestes porque o Padre
Paulo Ricardo falava da ação da graça de Deus nos evangélicos. Um aluno,
contudo, disse que o Padre tinha sido temerário por ter afirmado isto, e o
Padre disse ter ficado impressionado e edificado com o "zelo" do aluno.
Outro assunto foi o vídeo falando da visita do Papa Francisco. Vi que, por mais
de quarenta minutos, o Padre se dedicou a "justificar" o Papa e seu
método pastoral (visivelmente para apaziguar os tradicionalistas). Com todo o
respeito do mundo, Padre Paulo, acredito que o senhor "passa muito a mão
na cabeça" dos tradicionalistas. Eles precisam aprender a ter fé na
Igreja.
Outro assunto é o seguinte: O Padre
precisa exortar mais os alunos para o equilíbrio. Embora ele seja equilibrado e
busque ponderar bem as coisas, os alunos parecem, muitas vezes, um grupo que
pensa dominar a verdade. Falam maldosamente da CNBB (coisa que o próprio Padre
não faz!) e de outras realidades da Igreja. Portanto, é necessário tomar
cuidado para formar bem essa juventude... Que tenham Caridade na Verdade.
Que Deus abençoe o Padre Paulo! Siga
firme!