sábado, 7 de dezembro de 2013

POR QUE NÃO SOU PROTESTANTE?


Dedico este artigo aos milhares de comentários que recebi sobre a “famosa” carta de resposta ao Pr. Silas Malafaia. Dedico este artigo aos protestantes honestos e estudiosos que existem por aí .

Meu primeiro "despertar" para a fé em Cristo, embora já inserido no Corpo de Cristo pelo Batismo e havendo recebido a primeira comunhão eucarística, deu-se quando eu tinha doze anos de idade por meio de um Grupo de Oração da Renovação Carismática Católica. Bem sabemos, embora haja gente até mesmo dentro do Movimento que negue e se enraiveça, que a RCC (sigla já reconhecida para denominar a Renovação) é essencialmente ecumênica por origem e por vocação; sendo assim, sempre houve dentro de mim uma simpatia, fomentada por tudo aquilo que eu via e ouvia, pelos irmãos separados, sobretudo os pentecostais clássicos, os filhos da chamada primeira onda do Pentecostalismo. Portanto, teria eu motivos para, sob alguma hipótese, ter me tornado um protestante? Motivos... Creio que não. Motivações? Sem dúvida alguma! Eu tive muitas motivações que poderiam ter me conduzido ao protestantismo. Elencarei as mesmas:

1.       Toda a minha espiritualidade bebe e emana do amor que o Espírito Santo gerou em meu coração pela Sagrada Escritura. Como já pontuou muitas vezes o Frei Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, é sumamente notório e louvável o amor dos protestantes pela Sagrada Escritura, bem como o modo como eles são ensinados a se debruçar sobre elas, exaurindo das mesmas todo o direcionamento para as suas vidas. O total desconhecimento da Bíblia em 90% dos católicos, posto lado a lado com o que acabei de descrever acima, poderia ser uma motivação para que eu viesse  a me tornar protestante (não estou entrando na questão da hermenêutica, não seja apressado!).

2.       Outra grande faceta da minha espiritualidade, que brota do amor pela Sagrada Escritura, são as canções de louvor e adoração inspiradas na Sagrada Escritura. Quando eu escutava as canções de Asaph Borba, de Adhemar de Campos e do Ministério de Louvor Diante do Trono... Meu coração estremecia e encontrava alimento, ao passo que olhava para os cantores “de mídia” da Igreja e percebia que, muitas vezes, eu tinha comprar um CD para, entre doze canções, achar uma ou outra que viesse ao encontro dessa minha “demanda espiritual” (isto é pessoal, subjetivo). Isto também teria sido uma motivação para ser protestante.

3.       O desejo ardente de ser missionário e entregar um tempo da minha vida para pregar o Evangelho no poder do Espírito (uma pregação acompanhada das manifestações carismáticas) sem que, para isto, eu tivesse que, necessariamente, me tornar um seminarista, um religioso ou um consagrado de Comunidade de Vida também impelia meu coração a se vislumbrar diante de realidades como a JOCUM (Jovens com uma Missão), onde eu poderia muito bem entregar minha vida por algum tempo e, depois, retomar os estudos, o namoro, formar uma família, etc. Isto também teria sido uma tremenda motivação.

4.       A existência de Comunidades Evangélicas sérias, maduras e missionárias (Comunidade Cristã de Porto Alegre, por exemplo) e de Escolas de Formação Maravilhosas (Universidade da Família, Cristo para as Nações, etc) também teriam sido motivações maravilhosas, uma vez que, especialmente na realidade do Sul do País, quando eu olhava para a RCC... Sinceramente não havia comparação.

5.       A principal motivação que eu encontrei e que poderia ter me feito protestante para sempre foi um período específico da minha vida onde a minha dor, pecado e crise, aliados com os olhares de condenação ou de descaso que recebi da maioria daqueles que se chamavam meus irmãos de caminhada, em contraposição com o amor, a amizade, a misericórdia e o fervor que encontrei em irmãos separados se mesclaram. Houve um tempo no qual 99% das pessoas com as quais eu convivia eram protestantes e os momentos de oração e vida comunitária mais belos que eu tinha eram entre eles (embora, saindo do Banco onde eu trabalhava, eu fosse quase que diariamente participar da Eucaristia). Meus irmãos “de caminhada” não somente persistiram na rejeição que haviam feito como, até, espalharam que, de fato, eu já era protestante (pergunte-me se alguém veio falar comigo sobre o assunto?).

Então... Motivações, eu realmente as tive! O que me fez não ser um Protestante? Quais são as motivações e os motivos que me fazem permanecer firme na Igreja fundada sobre o alicerce dos Apóstolos, dos quais Pedro é o primus inter paris?

Primeira questão, antes de entrar nestes pontos: Eu sempre permaneci católico. Explico o porquê: Mesmos nos momentos nos quais todo o meu ciclo de amizades e convivência eram evangélicos, as pregações que eu ouvia eram católicas (Dr. Scott Hahn, Pe. Robert Barron, etc), as canções que eu mais ouvia eram católicas (sobretudo do Shalom), os livros que eu lia eram católicos; eu comungava quase que diariamente, confessava-me regularmente. Explicava a visão católica de alguns pontos de doutrina para meus amigos. Falava constantemente da Eucaristia. Pregava usando os livros deuterocanônicos e assim por diante. Indignava-me ante a visão distorcida alimentada entre eles contra as imagens sacras e o papel da Virgem Maria na História da Salvação. Meus amigos evangélicos que conviveram comigo neste tempo podem confirmar tudo o que estou escrevendo aqui.

Muito bem! Por que eu não sou Protestante, ora bolas?! Aqui vão algumas razões:

1.       Para um cristão, qual é a referência, a coluna e a sustentação da verdade na qual ele crê? Um protestante responderia: A Bíblia! Só na Bíblia está a verdade! Só na Bíblia se sustenta a verdade. A questão simplória aqui é a seguinte: Onde, na Bíblia, está escrito que só a Bíblia é a coluna e a sustentação da verdade? A coluna doutrinário do cisma protestante – a Sola Scriptura – não encontra suporte e sustentação na própria Escritura. Talvez alguém viesse a citar Mt 5, 17 e depois IITim 3, 16-17: “Toda a Escritura inspirada por Deus é útil para ensinar, para rebater, para corrigir e para formar na justiça, de modo que o homem de Deus seja perfeito, e preparado para toda boa obra.” Depois, poderias me citar Mt 15, onde Jesus fala das tradições. O problema é que em Mateus Jesus não estava condenando toda a tradição – até mesmo porque os Evangelhos mostram Jesus, constantemente, cumprindo tudo aqui que, na Tradição Judaica, era reto – mas às tradições corruptas. Quando II Timóteo 3, 16 menciona “toda a Escritura” não diz “só a Escritura” é útil. Também a oração, a evangelização e muitas outras coisas são essenciais! Agora, o que dizer de II Tes 2, 15: “Portanto, irmãos, mantende-vos firmes e guardai as tradições que haveis aprendido de nós, de palavra ou por carta” – Tradição Escrita (Bíblica), Tradição Oral (ensino dos Apóstolos e seus sucessores)? A Sagrada Escritura, a Bíblia, testifica em I Tim 3, 15 que a Igreja é a coluna e o sustentáculo da verdade.

2.       Como consequência do primeiro ponto está uma outra questão: Os livros contidos na Sagrada Escritura foram recolhidos – dentre tantos outros – e apresentados como Palavra de Deus... Pelos Bispos da Igreja Católica. Ela, que é a Coluna e o Sustentáculo da verdade, tomou em suas mãos os livros existentes e, sob inspiração do Espírito Santo, e tendo por critério o testemunho transmitido pelos Apóstolos, guardado pelos assim chamados “Pais da Igreja” (os cristãos fieis dos primeiros séculos), separam e apresentaram o Canon das Escrituras. A pequena divergência existente entre as nossas Bíblias está no Antigo Testamento, por motivos que não convencem ninguém que seja realmente honesto intelectualmente (Aprofunde-se no tema através deste link: http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/deuterocanonicos). Cremos na Bíblia como Palavra de Deus porque os Sucessores dos Apóstolos, revestidos de autoridade para tal, nos “confirmaram nesta fé”. Se é bem verdade que a Palavra forma a Igreja... A Igreja ratifica a Palavra. São duas realidades co-essenciais: PALAVRA e IGREJA. Sem a Igreja... A Palavra padece.

3.       Seguindo em frente, a partir dos pontos anteriores, um protestante alegaria que a Igreja é uma realidade puramente mística, espiritual e, portanto, aquém da realidade temporal e terrena. A Encíclica Mystici Corporis seria uma boa leitura para protestantes um pouco mais honestos – e aqui segue o link para a mesma.(http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_29061943_mystici-corporis-christi_po.html). Esta dicotomia na verdade não existe! A Igreja de Jesus é constituída sobre o alicerce dos Doze Apóstolos como cumprimento e plenitude da Promessa de Deus às Doze Tribos de Israel. Eles, os Apóstolos do Cordeiro, estão assentados junto ao Cordeiro, como descreve o Apocalipse. Vemos como cada um deles estabeleceu, sobre as comunidades que fundaram, um "Vigia" (EPÍSCOPO, no Grego, donde se origina a palavra Bispo). Inácio, que foi deixado por São Pedro Apóstolo como Epíscopo (Bispo) em Antioquia, fala claramente sobre a necessidade dos cristãos participarem da "Eucaristia do Bispo", da Celebração que esteja em unidade com o Bispo. Há um cajado, uma hierarquia presente na Igreja desde os Atos dos Apóstolos (estrutura esta que foi mantida e perdura). Esta Igreja, que tem Apóstolos aos quais Cristo Jesus confiou a Igreja, é a coluna da Verdade. É por causa do grito do cisma protestante do Cristo "sim", Igreja "não" que hoje em dia há um grupo enorme de Evangélicos que já não frequentam mais templos, congregações, mas fazem seus cultos em casa (Falo do G12 e movimentos similares). Ora, se eu não preciso "de homens" para chegar a Deus... Não preciso do cajado de um Pastor nem muito menos de um templo, conclui um protestante. "Por que tantos homens entre Deus e eu", dizia Rousseau. Este pensamento ignora que a "minha fé" precisa estar inserida no "nós" da Igreja. Somos corpo! Eu preciso dos meus irmãos, preciso dos meus pastores para estar em comunhão com Deus. Isto é ser Igreja. O próprio Deus quis precisar de homens para mediar sua graça na história da salvação. E quem dá autoridade aos homens para que sejam Pastores de almas? O Senhor Jesus revestiu a seus Apóstolos que, por sua vez, cuidaram de revestir a outros, mantendo uma verdadeira sucessão apostólica. Infelizmente, o cisma protestante perdeu esta "coluna" quando prescindiu da necessidade da Igreja, Corpo de Cristo. Qual Igreja é a coluna da verdade agora? A do meu pastor X ou a IURD, ou da Adventista? Observo o Sábado ou não? Posso abortar ou não? Os carismas de falar em línguas e o Batismo no Espírito Santo existem ou não? Todos os protestantes possuem a mesma Bíblia e não chegam a um consenso sobre estes e outros tantos temas porque lhes foi tirada a coluna que sustenta a verdade, a Igreja!

4.       Um quarto ponto, que vem como uma cereja neste bolo, é o testemunho das primeiras gerações cristãs que receberam a pregação do Evangelho da boca do próprio Senhor Jesus e de seus Apóstolos. Quando vemos os critérios hermenêuticos para interpretação da Sagrada Escritura e a sólida doutrina católica já presente nos primeiros séculos... Fica difícil ser protestante. Apresento um link de acesso a alguns estudos, para os protestantes mais honestos intelectualmente: (http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos).


Falta-me, ainda, abordar muitas outras questões. Contudo, apresento estas. Acredito que, como é de praxe, haverá introduções de outros pontos de doutrina. Não dá para evitar isto! Contudo, vou me limitar a responder somente sobre aquilo que escrevi.

Um comentário:

  1. Outra rica leitura. Louvado seja Deus pela tua vida e misericórdia de mim que estou lendo em horário de trabalho! Hahahahahahaha!!!

    Abração!
    Cecel

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