quarta-feira, 7 de agosto de 2013

PADRE PAULO RICARDO DE AZEVEDO JUNIOR: FARISEU INTOLERANTE?


São tantas as críticas envolvendo a pessoa do Padre Paulo Ricardo que fica até difícil elencá-las. Fiz um sumário das principais; meu artigo visa o público católico, motivo pelo qual elegi os tópicos abaixo.

Eu conheci o Padre em uma de minhas viagens a Cuiabá/MT. Fui hospedado por uma noite no Seminário Cristo Rei, do qual o Padre era o Reitor. Tive a oportunidade de ir ao Shopping com o padre para comermos uma pizza e conversarmos. Digo a vocês que, depois deste momento, fiz a melhor confissão da minha vida. Percebi nele um profundo conhecedor das misérias humanas... Um excelente Pastor de almas. Eu estava no auge das minhas dificuldades vocacionais e minhas indecisões (somadas a minha falta de caráter e virtude) que me levavam a grandes sofrimentos; como sempre, as tensões acabavam explodindo na afetividade e na sexualidade (realidade muito gritante da nossa juventude). Fiquei impressionado com a clareza, coma compaixão e com a humildade que vi no Padre. Isto foi há alguns bons anos atrás.

Em Porto Algre/RS estive mais uma vez com o Padre Paulo. Vi-o pregar para os Seminaristas do Renasem com muita propriedade, equilíbrio e humanidade.

Li “Um olhar que cura”, obra maravilhosa! Fiz alguns cursos online (Teologia Mística e Dons Carismáticos, Teodicéia, História da Igreja Antiga, Marxismo Cultural) e estou em andamento com outros cursos. Assisti grande parte dos vídeos da série “Parresía” e “Resposta Católica”. Acredito que conheço um pouco o pensamento do Padre Paulo, motivo pelo qual me ponho a escrever. 

1.       O Padre Paulo Ricardo é legalista, super preocupado com a “norma”, o “dogma” e possui uma visão negativa a respeito do homem (é desumano).

 Esta acusação é bem comum. A mídia usava (e usa) os mesmo qualificativos (ou “desqualificativos”, na verdade) para o Papa Emérito Bento XVI, com quem eu pude estar duas vezes ( e todos os que conviveram com ele exaltam a sua grande humildade e simplicidade).

Pelo que tenho lido e visto, tudo o que o Padre Paulo Ricardo diz vem acompanhado de citação magisterial (e quando não é assim o próprio Padre “brinca” e diz: “Cuidado, esta é a minha opinião!”). Nisto eu percebo um verdadeiro cuidado, por parte do Padre, em ser um simples ARAUTO e não um sofista. O Arauto, nos tempos antigos, era aquele que, em alto e bom tom, lia os decretos de seu rei para o povo. Quando digo que vejo no Padre Paulo um ARAUTO, quero dizer que ele não fala “de si mesmo”, “não fala do que ele pensa simplesmente”, mas expõe a doutrina e cita a fonte.

Queridos, a nossa Igreja é Apostólica. Que significa isto? Que ela remonta aos dias dos Apóstolos numa verdadeira “CATENA” de ensinamentos que formam o Depósito da Fé. Não há espaço para relativismos na Igreja Católica: Temos o Papa e os Bispos – em comunhão com ele –  como fatores visíveis da nossa unidade. O “dogma” e a “norma” não são algemas, imperativos de coerção ou imposições; são, antes, “pontos de partida”, sinalizadores que nos apontam o reto caminho. Não são pontos de chegada, mas pontos de partida. Ignorar os dogmas e as normas podem trazer consequências daninhas para o homem, uma vez que distorcem a verdade objetiva e desorientam àquilo que todo coração humano busca.

Um verdadeiro humanismo cristão jamais abre mão da verdade, afinal: É a verdade que liberta o homem.

2.       O Padre Paulo é retrógrada e Tradicionalista.

Aqui nós precisamos aclarar uma série de termos. Um Padre que acompanha a RCC muito amorosamente na Diocese de Cuiabá, que está em comunhão constante com a Comunidade de Vida e Aliança Carismática Canção Nova, que defende a existência dos dons carismáticos e que reconhece ter feito experiência com Cristo por meio da Renovação em sua juventude (lá nos Estados Unidos)... Para tradicionalista não serve!

Tradicionalistas, em geral, são aqueles que não aceitam o Concílio Vaticano II e nada do que aconteceu de lá pra cá (o que não é o caso do Padre Paulo em absoluto!). São aqueles que gostariam de voltar à Igreja de “200 anos atrás”, sem nada de novo (o que não é o caso do Padre Paulo).

Retrógrado por quê? Por causa da fidelidade à Liturgia? Por causa da transmissão da fé e da moral da Igreja?

Nós estamos diante de um “vento de modernismo” que deseja fazer do Concílio Vaticano II uma “ruptura” com toda a tradição da Igreja, o que ele não é em absoluto. Mostrem-me, por exemplo, algum pronunciamento do Vaticano II com a abolição do Latim, ou da Batina, ou de algum posicionamento moral da Igreja sobre os temas da Contracepção, Homossexualidade, Relação Sexual fora do casamento, masturbação, etc.

O Padre Paulo Ricardo é um sacerdote conservador aberto para o novo, sempre que em harmonia com o tesouro bimilenar da Igreja, embora, na minha opinião, ele tenha um viés, uma tendência para o tradicionalismo em alguns aspectos (vou tratá-los a seguir).

3.       O Padre Paulo Ricardo denigre a imagem da CNBB e forma seguidores com o mesmo viés.

Este é, quem sabe, um dos temas mais delicados dentre os que elenquei acima.
Tivemos alguns episódios relativos à Campanha da Fraternidade e, mais recentemente, a questão do PLC 03/2013.

Acompanhei os pronunciamentos do Padre Paulo Ricardo nos dois temas. Não posso definir de outro modo que não seja “parresia” a coragem do Padre Paulo de se pronunciar nestas questões. Vi, nos pronunciamentos, um enorme esforço, por parte do Padre Paulo, em respeitar a CNBB e, ao mesmo tempo, manifestar opinião contrária, embasando cada afirmação com muito cuidado.

O problema, aqui, não é o Padre Paulo, mas sim os “seguidores”. Falarei disto abaixo.
A CNBB é um organismo criado para gerar comunhão pastoral entre os Bispos, que são soberanos em suas dioceses. Ela não goza de autoridade sobre os Bispos Diocesanos, embora todos eles sejam cuidadosos em fazer cumprir os lineamentos oriundos da CNBB.

Acredito que o Padre Paulo, quando teve que falar de algum ponto divergente com a CNBB... O fez com muita dignidade e respeito.

4.       O Padre Paulo Ricardo é contra o Rock

Foi por ocasião do “Rock in Rio” que o Padre Paulo se pronunciou. O Padre fundamentou muito bem a sua posição, oferecendo pesquisas e fontes muito sólidas sobre o assunto. Contudo, trata-se da opinião dele (embora tenha sido uma opinião contumaz e muito bem embasada).

Eu, por outro lado, pude conhecer ministros de louvor que, por meio do Rock, puderam ser instrumentos poderosos nas mãos do Senhor. Vi jovens derramando suas almas nas “Viradas Radicais” que os jovens da RCC organizavam, na Cidade de Curitiba, em praça pública. Deste modo, acredito que, quando os músicos são ungidos e usados por Deus, o Rock pode ser um canal valioso (eu vi isto acontecer... Ninguém me contou).

Agora, eu levaria muito em conta tudo o que o Padre comentou e buscaria fazer disto matéria de estudo, de conversão, de cuidado pastoral. O Ministro de Louvor que evangeliza com o Rock, na minha opinião, deveria passar pela Escola Permanente de Formação (no caso dos carismáticos).

Aqueles que não concordam com o Padre Paulo Ricardo neste quesito devem expor isto com argumentos, ideias, fundamentações. Não basta dizer “tenho raiva dele” ou “quero que ele tome um chá de sumiço”. Ideias devem ser rebatidas com ideias. Até agora eu tenho visto os opositores do Padre Paulo não fazerem mais que xingamentos  sem expor uma única ideia fundamentada sobre o tema, para contrapor ao que o Padre diz.

5.       O Padre Paulo Ricardo enxerga o Marxismo em tudo

Esta também é uma colocação frequente. O próprio Padre Paulo Ricardo, contudo, numa das primeiras “áudios” que ouvi sobre o tema, pedia, ironicamente, para que, por favor, nós duvidássemos dele!

Acredito que o Padre Paulo tenha uma visão muito bem fundamentada do tema e que está exposta no curso (que eu fiz!).

O que, as vezes, me cansa sobre este tema é fato de que estamos constantemente “pegando no radar”a multidão de marxistas do Brasil, mas nunca vejo uma iniciativa “construtiva” no campo político (embora o próprio curso já seja uma). Quero saber aonde estão os “mocinhos” no Brasil, se eles existem. Quero esperança! Cansei de ficar apagando o incêndio, apontando o número de abortistas e ativistas liberais existentes nos mais diversos partidos.

6.       Padre Paulo Ricardo X Guilherme do Rosa de Saron

Acredito que a aula do Padre Paulo Ricardo sobre o tema da Salvação “fora” da Igreja Católica já tenha esclarecido muito bem o tema.


O Guilherme se expressou mal, o que não o torna um herege em absoluto (embora o conteúdo da fala seja herético, porque está errado). Por incrível que pareça eu estava no meu intervalo de trabalho e estava assistindo o Programa da Fátima. Vi o que foi falado e não posso concordar. Em primeiro lugar, foi dito que depois de João Paulo II nós estávamos ali... Na expectativa... Até que Deus nos deu o Papa Francisco! Mas, espera um minuto: E o Papa Bento XVI? Infelizmente, a mídia liberal e os "católicos" liberais taxaram Bento XVI de nazista, pedófilo e outras atrocidades... E não posso admitir que um representante da Juventude Católica corrobore para manter este tipo de pensamento, como se o período de pontificado de Bento XVI não tivesse passado de "um largo tempo de espera por um Papa melhor". Não foi dito isto em nenhum momento! Não posso culpar o Guilherme por isto (porque ele não falou nada disso), mas precisamos ter cuidado quando falamos em público como Igreja, porque tudo isto é pode ser lido nas entrelinhas.

Nós, como católicos, precisamos ser Arautos e não sofistas. Explico: Um arauto é aquele que recebe e transmite uma mensagem que não é sua, mas do Rei que a redigiu. O arauto só precisa transmiti-la, porque a mensagem não é sua, não vem "de si". O Sofista é aquele que pensa deter a sabedoria e transmite o que ele pensa, o que ele diz dominar. Quando nos posicionamos como Católicos, somos Arautos da Doutrina Católica. Devemos apenas transmitir fielmente a Doutrina. Para isto, é preciso conhecê-la.

Eu gosto da Banda Rosa de Saron! Oro para que sigam adiante e sejam canais de graça. Isto, contudo, não me exime de falar a verdade.

 7. Algumas críticas minhas ao Padre Paulo

Vou ousar, aqui, levantar uma crítica a alguém que eu amo muito em Cristo. Sei que ele as receberá virtuosamente.

No curso sobre Dons Carismáticos vi os alunos mais "tradicionalistas" rasgando as vestes porque o Padre Paulo Ricardo falava da ação da graça de Deus nos evangélicos. Um aluno, contudo, disse que o Padre tinha sido temerário por ter afirmado isto, e o Padre disse ter ficado impressionado e edificado com o "zelo" do aluno. Outro assunto foi o vídeo falando da visita do Papa Francisco. Vi que, por mais de quarenta minutos, o Padre se dedicou a "justificar" o Papa e seu método pastoral (visivelmente para apaziguar os tradicionalistas). Com todo o respeito do mundo, Padre Paulo, acredito que o senhor "passa muito a mão na cabeça" dos tradicionalistas. Eles precisam aprender a ter fé na Igreja.

Outro assunto é o seguinte: O Padre precisa exortar mais os alunos para o equilíbrio. Embora ele seja equilibrado e busque ponderar bem as coisas, os alunos parecem, muitas vezes, um grupo que pensa dominar a verdade. Falam maldosamente da CNBB (coisa que o próprio Padre não faz!) e de outras realidades da Igreja. Portanto, é necessário tomar cuidado para formar bem essa juventude... Que tenham Caridade na Verdade.

Que Deus abençoe o Padre Paulo! Siga firme!