Maria no Novo Testamento
Aquilo que o Novo Testamento diz
a respeito de Maria não passa de poucos versículos (ela está presente em
algumas passagens dos evangelhos e há uma referência sobre ela no Atos dos
Apóstolos).
Nas Escrituras, Maria aparece em
cada etapa da vida do seu Filho: Sua concepção e nascimento; sua infância; o
início do seu ministério; aos pés da Cruz e depois de sua ressurreição e
ascensão. Contudo, na maioria destes casos, somente se menciona a presença de
Maria sem que se diga muito sobre ela. Basicamente, isto é o que podemos
aprender, por meio destas passagens da Sagrada Escritura:
·
Um anjo anunciou que Maria conceberia Jesus pelo
poder do Espírito Santo (cf. Lc 1, 26-38).
·
Durante a gravidez, fez uma larga visita a sua
prima Isabel (cf. Lc 1, 39-56). Deus a luz a Jesus em Belém (cf. Mt 1, 18-25) e
esteve com Ele quando sábios magos (Mt 2, 10) e pastores (Lc 2, 15-20) lhe
renderam homenagens.
·
Sob ameaça de Herodes, saiu em fuga com seu
recém nascido e José, seu esposo, em direção ao Egito (cf. Mt 2, 14).
·
Regressa a Nazaré, onde vive durante s anos e
crescimento e vida oculta de Jesus (cf. Mt 2, 19; Lc 2, 39).
·
Maria apresentou o menino Jesus no Templo (cf.
Lc 2, 23; 33-35). Mais tarde, quando Ele tinha doze anos, encontrou-o ali
mesmo, ensinando (cf. Lc 2, 48-51).
·
Maria esteve também nas Bodas de Caná, onde
Jesus realizou seu primeiro sinal
(cf. Jo 2, 1-11). Também esteve em Nazaré quando Jesus foi rechaçado pelo seu
próprio povo (Mt 13, 54-58; Mc 6, 1-6).
·
Ela viu-o morrer na Cruz (cf. Jo 19, 25-28) e
esteve entre os discípulos reunidos com os Apóstolos em Jerusalém, esperando
Pentecostes e o envio do Espírito Santo (cf. At 1, 14).
·
Há, também, algumas menções indiretas à Virgem
Maria no Novo Testamento. Uma mulher anônima grita para Jesus: “Bendito o
ventre que te gerou e os seios que te amamentaram” (cf Lc 11, 27-28).
·
São Paulo a menciona, mas não por nome (cf. Gl
4,4) e “aparentemente” ela é a mulher descrita na visão do último livro da
Bíblia (Ap 11,19; 12,18).
Maria na Doutrina e na Devoção
Contando as menções indiretas, o
Novo Testamento se refere a Maria somente quatorze vezes (muito menos que a
alguns apóstolos; São Pedro, por exemplo, é mencionado 155 vezes nos escritos
bíblicos).
Então, como é possível que ela
seja uma das únicas pessoas a serem mencionadas pelo nome no Credo (“nasceu da Virgem Maria”)? Como é
possível que ela tenha sido inspiração para algumas das primeiras liturgias e
orações da Igreja, como também de alguns dos dogmas mais controversos e mal
entendidos?
Estas perguntas foram fonte de
dificuldades para muitos cristãos, que alegam não achar fundamentação bíblica
para justificar ou compreender tudo aquilo que nós católicos cremos e rezamos
acerca de Maria. Ou se referem a nossas crenças e devoções como produtos de uma
“imaginação mal orientada”, ou as consideraram taxativamente como “Mariolatria”
(um culto falso que tira a glória de Cristo e subverte sua obra de redenção).
Para nossa tristeza, muitos
católicos devotos não têm facilidade para explicar a conexão entre a Virgem
Maria da Bíblia e a Virgem Maria da doutrina e devoção católicas.
É por isto que este curso é tão
importante!
Vamos descobrir que, quando a
Escritura fala sobre a Virgem Maria, ensina muito mais do que aquilo que
observamos superficialmente, com nossa “primeira impressão”. Veremos por que
orações como a “Ave Maria” são compostas, em sua maioria, por textos bíblicos;
veremos, também, como os dogmas e doutrinas da Igreja são efetivamente
interpretações definitivamente escriturísticas a respeito de Maria.
De fato, pelo escrutínio da
Bíblia, vamos encontrar as sementes não somente de devoções católicas como o
“terço”, mas também dos dogmas e doutrinas acerca da Imaculada Conceição da
Assunção e fundamentos para a Coroação de Virgem como Rainha dos Céus.
A devoção católica à Virgem
Maria, enraizada no testemunho bíblico dos primeiros seguidores de Cristo, está
muito longe de ser uma blasfêmia ou idolatria. Ao terminar este curso, você irá
se perguntar se, pelo contrário, não seria uma blasfêmia não honrar a Virgem Maria como sendo a obra mestra de Deus, a
pessoa humana que em verdade mais reflete a imagem de Deus (cf. Gn 1, 27; Rm 8,
29; 1Cor 15, 49).
Para apreciar bem as conexões
entre a Maria das Escrituras e a Maria da doutrina e da devoção, necessitamos
aprender a ler as Escrituras com o
sentido autêntico com que as mesmas foram escritas. Quando fazemos isto,
descobrimos que, ainda que haja poucas referências bíblicas à Virgem Maria, as
mesmas são ricas e muito profundas.
I.
A Virgem Maria no Evangelho de São Mateus
“Da que nasceu Jesus...”
Considere isto como uma “lição de
leitura”. Vamos aprender a como ler o que está escrito a partir dos mesmos
autores humanos do Novo Testamento. Começaremos simplesmente buscando entender
o “sentido literal” ou literário destes textos, o que as palavras mesmas,
escritas no texto, dizem-nos acerca de Maria.
A primeira aparição de Maria no
Novo Testamento está no primeiro capítulo, ao final da larga genealogia com a
qual se inicia o Evangelho de São Mateus. Ela é apresentada assim: “Maria, da
que nasceu Jesus, chamado Cristo” (Mt 1, 16).
É necessário ler essas palavras
em seu contexto. São as últimas palavras de uma lista de antepassados que São
Mateus reproduz para demonstrar que Jesus é o “Cristo, Filho de Davi, filho de
Abraão” (Mt 1, 1).
Abraão foi o pai do povo
escolhido de Deus, Israel. Deus fez uma aliança com ele, prometendo-lhe que,
por sua descendência, “seriam benditas todas as nações da terra” (cf. Gn 22,
18).
Deus prometeu a Abraão que reis
seriam provenientes de sua linhagem (cf. Gn 17,6). Mais tarde, Deus jurou ao
Rei Davi que seu reino nunca terminaria, que o filho de Davi seria Seu filho e
reinaria para sempre, não somente sobre Israel, mas sobre todas as nações (cf.
2 Sm 7, 12-13; Sl 89, 27-28; Sl 132, 4-5; 11-12). Contudo, o reio de Davi caiu
por terra e povo foi exilado (cf. Mt 1, 11; 2Re 24, 14).
Desde então, os profetas de
Israel ensinaram a esperança de um “Cristo” (Meshiah, em hebraico). Esperava-se
que ele seria o filho de Deus prometido a Davi, que livraria às tribos
dispersas de Israel e as reuniria em um novo e eterno reino que seria luz para
as nações (cf. Is 9, 5-6; 49,6; 55,3; Ez 34, 23-25, 30; 37,25).
Lidas neste contexto, as poucas
palavras que São Mateus escreve sobre Maria não são assim tão “triviais”. O
Evangelista, com uma frase curta, pôs Maria exatamente no centro da história de
Israel – a história do povo de Deus – Dela
nasceu o Cristo por quem Deus
cumpriria as promessas de sua aliança com Abraão
e Davi.
Como mãe do Rei – Messias de
Israel, Maria necessariamente está no centro da história humana porque o fruto
do seu ventre será a fonte da
salvação do mundo. Por Cristo, nascido de Maria, Deus outorgou suas bênçãos
divinas sobre todos os povos e nações.
“... Por intermédio do Espírito Santo”
São Mateus continua este tema nos
versículos seguintes que Maria “concebeu por obra do Espírito Santo” (Mt 1,
18-25).
São Mateus nos conta que a
concepção de Maria pelo Espírito Santo cumpre a promessa que Deus havia feito
pelo profeta Isaías – que uma virgem “conceberá e dará a luz a um filho e lhe
chamarão Emanuel, que quer dizer, “Deus está conosco” (cf. Mt 1, 18, 22-23; Is
7,14).
Esta era uma profecia enigmática.
Não conhecemos ninguém que, no tempo de Jesus, relacionasse esta profecia com a
vinda do Messias. Alguns rabinos disseram que a profecia se cumpriu na vida do
profeta Isaías, quando nasceu o rei Ezequias.
Ezequias foi um poderoso
reformador que “fez o que era reta aos olhos do Senhor, exatamente como Davi,
seu pai” (2Re 18, 3). Além disso, a Escritura diz “O Senhor esteve com ele”
(cf. 2 Re 18, 1-7; 2 Cro 29-32).
Mas São Mateus parece nos dizer
que Ezequias fora somente uma prefiguração, um cumprimento apenas parcial e,
portanto, incompleto, da profecia de Isaías, que chegou ao pleno cumprimento
com a concepção de Jesus no ventre de Maria por intermédio do Espírito Santo.
Maria é “a que dará a luz”, como
diz Miquéias, em uma profecia que São Mateus cita (cf. Miq 5, 1-2; Mt 2, 6).
Por Maria, a mãe do muito esperado Messias, “Deus está conosco (Emanuel).”
De novo, para entender o sentido
literal desta passagem nós temos que entender profundamente o contexto que São
Mateus pressupõe do Antigo Testamento.
São Mateus espera que seus
leitores escutem nessas palavras a promessa que ecoa por toda a história da
salvação – a promessa da divina presença, que Deus um dia viria habitar com seu
povo (cf. Is 43, 5; Zac 8, 23; 2 Cor 6, 16-18).
Trata-se de uma das grandes
esperanças messiânicas inspiradas pelos profetas. Ezequiel, por exemplo,
profetizou um novo Rei Davi e “uma aliança eterna” na que Deus prometeria: “Minha
morada estará junto deles. Serei seu Deus e eles serão meu povo” (Ez 37, 24-28;
cf. Ap 21, 3).
Escutamos “ecos” da profecia do
Emanuel de Isaías por todo o evangelho de São Mateus. Jesus repete várias vezes
que Ele estará “conosco” até o fim dos tempos (cf. Mt 18,20; 25, 40,45; 26,
26-28). As últimas palavras de Jesus, no primeiro evangelho, também fazem eco a
esta promessa: “E eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”
(Mt 28, 20).
A identificação, em Mateus, da
Virgem Maria como a Virgem profetizada por Isaías, uma vez mais, a coloca no
centro do plano salvífico de Deus para Israel e para o mundo.
O sentido literal do texto é que
Maria é “o sinal divino” que Deus prometera há muito tempo; o sinal de sua
fidelidade à eterna aliança com Davi; o sinal de que Ele veio cumprir seu plano
para com toda a criação.
II.
A Virgem Maria no Evangelho de São Lucas
“O Senhor é contigo”
Agora consideraremos o Evangelho
de São Lucas.
Vamos nos debruçar muito na
narrativa da Anunciação (cf. Lc 1, 26-38).
Queremos, de um modo simples, ler
o texto em seu contexto literal, tal como está escrito; queremos saber o que
esta passagem nos diz a respeito de Maria.
São Lucas, assim como São Marcos,
apresenta Maria como uma virgem desposada com José, um descendente de Davi. Ela
é saudada pelo arcanjo Gabriel: “Ave cheia de graça, o Senhor é contigo”.
A palavra utilizada pelo anjo é
traduzida como “Ave”, mantendo a versão latina, ou “alegra-te”, se fazemos a
tradução da expressão para o português. Trata-se de uma das expressões que os
profetas utilizaram para predizer ao povo o gozo que traria a vinda do Messias
(cf. Jo 2, 23-24; Zc 9, 9).
De fato, para que o anúncio do
anjo é tirado quase que palavra por palavra de uma profecia de Sofonias (cf. Sf
3, 14-18).
Lucas 1 Sofonias 3
Alegra-te, cheia de graça Solta
gritos de alegria, filha de Sião
O Senhor é contigo O
senhor, o Rei de Israel está no meio de ti
Não temas, Maria Já
não terás que temer
O ente santo que nascer de ti Teu Deus está
no meu de ti
O filho do Altíssimo Um
poderoso salvador
Parece que Lucas está nos
apresentando Maria como a Filha de Sião – a representante de seu povo – chamada
a regozijar-se porque Deus, seu Salvador e Rei, visitou-a.
Então, em São Lucas, assim como em
São Mateus, vemos as esperanças históricas de Israel concentradas na pessoa de
Maria. As palavras que os profetas ensinaram Israel a desejar ouvir – “Dizei a
filha de Sião: eis, aí vem teu salvador” (Is 62, 11) – agora são ouvidas por
Maria.
O anjo também disse que a Maria
que seu filho seria o “Filho do Altíssimo” e que reinaria “sobre trono de Davi,
seu pai”.
Para entender o sentido literal
desta passagem necessitamos voltar ao Antigo Testamento e à história da aliança
de Deus com Davi. De fato, nas palavras do anjo escutamos ecos da aliança entre
Deus e Davi (cf. 2 Sm 7, 12-16; Sl 89, 4-5; 27-30).
Deus jurou, a respeito do filho
de Davi: “Será para mim um filho”. O anjo promete a Maria, por sua vez, que seu
filho seria chamado “Filho do Altíssimo”, uma outra maneira de dizer “Filho de
Deus” (cf. Mc 5, 7; Lc 1, 35; 8, 28).
Deus jurou também a Davi que seu
filho se sentaria sobre seu trono e reinaria “pelos séculos”. O anjo, por sua
vez, promete a Maria que seu filho se sentaria “sobre o trono de Davi seu pai...
para sempre.”
Maria é apresentada aqui como
“sinal” de que Jesus é o muito esperado Messias da casa de Davi.
“A Escrava do Senhor”
Voltaremos sobre outros elementos
da história da anunciação de São Lucas nas próximas aulas. Por hora, pularemos
para a conclusão da narração feita pelo evangelista.
Maria perguntou ao anjo como ela,
sendo virgem, conceberia a criança prometida pelo anjo. O Anjo respondeu-lhe:
“porque nada é impossível para Deus” (cf. Lc 1, 37). Também estas palavras
estão carregadas de referências a passagens do Antigo Testamento. Um anjo disse
a Sara, esposa de Abraão, quase que as mesmas palavras quando esta riu da ideia
de que, em sua velhice, conceberia ao filho que Deus prometera a Abraão (cf. Gn
18, 14).
Lucas, de fato, está nos ensinando
que Maria também é chamada a dar a luz a um filho prometido da aliança com
Deus.
Através de escrutínio da leitura
da narração da anunciação em São Lucas podemos escutar os ecos de vários
nascimentos milagrosos na história da salvação. Além do nascimento de Isaac,
citado acima, escutamos ecos da concepção de Rebeca dos gêmeos Esaú e Jacó (cf.
Gn 25, 21-22); a concepção de José por Raquel (cf. Gn 29, 31; 30, 22-24) e a
concepção de Sansão pela mulher de Manoa (cf. Jui 13, 2-7). A resposta de Maria
ao anjo evoca também a história de outra mulher que fora favorecida por Deus:
Ana, a mãe de Samuel (cf. 1 Sm 1, 11, 19-20). Ao apresentar-se como “a escrava
do Senhor”, Maria nos recorda o voto de Ana, que pediu um filho a Deus
prometendo consagrá-lo ao Senhor. Por três vezes Ana se descreve como “a
escrava do Senhor” (cf. 1 Sm 1, 11, 16, 18).
Entregue ao Senhor em gratidão
por sua mãe (cf. 1 Sm 1, 11, 22, 2,20), Samuel foi feito um sacerdote-profeta
justo e santo, um profeta escolhido por Deus para ungir Davi como Rei.
Ao descrever-se como a escrava do
Senhor, Maria está prometendo dedicar seu filho a Deus. Seu filho também será
um profeta e sacerdote santo, O Ungido como rei davídico.
III. Interpretando como Jesus
Sentido literal, histórico e divino
O que aprendemos de nossa
interpretação literária dos testos marianos em São Paulo e São Lucas até agora?
Primeiro, a leitura literária nos dá o conhecimento de uma verdade histórica: O
nascimento de Jesus de uma virgem por meio do Espírito Santo. Por sua vez esta verdade histórica nos
comunica um sentido divino. Os eventos históricos e a maneira com a qual estes
eventos foram narrados nos transmitem muito mais do que meros dados
informativos; revelam a existência de um plano divino de salvação que Deus está
realizando na história humana.
São Mateus e São Lucas presumem
em suas narrações a existência de uma “Economia” ou “Provisão” divina em que os
votos da Aliança que Deus jurou a Abraão e a Davi séculos antes estão
destinados a encontrar seu perfeito cumprimento na vinda de Cristo.
De fato, São Mateus e São Lucas
parecem ver um fio de ouro conectando os eventos, figuras e instituições do
Antigo Testamento com os do Novo. A razão pela qual os evangelistas
cuidadosamente citam a Bíblia e aludem ao passado de Israel é revelar essa
unidade entre Antigo e Novo Testamentos; assim, demonstram como tudo o que
acontece com Maria é continuação e culminação da promessa.
Tipologia e Maria
Esta maneira de ler e escrever
tem um nome: Tipologia. É a chave
para entender o que a Bíblia nos quer dizer sobre Maria.
A tipologia é a maneira com a
qual Jesus ensinou os Apóstolos a lerem o Antigo Testamento.
Ele se referiu a Jonas (cf. Mt
12, 39-41), Salomão (cf. Mt 12, 42), o Templo (Jo 2, 19) e à serpente de bronze
(cf. Jo 3, 14) como “tipos”, figuras, sinais que apontavam para Ele. Na
primeira noite da Páscoa, Jesus disse: “É necessário que se cumpra tudo aquilo
que está escrita sobre mim na Lei de Moises, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24,
44-45). Ensinou-lhes que pessoas, lugares, coisas e eventos do Antigo
Testamento foram escritos como preparação para Ele.
Jesus e os Apóstolos estavam
familiarizados com esta maneira de ler o Antigo Testamento, bem como as
leituras litúrgicas que escutavam na sinagoga. Nos escritos dos profetas e nos
salmos encontramos frequentemente interpretações “tipológicas” de eventos
prévios, sempre com a ideia de preparar Israel para vinda de seu Salvador.
Isaías falou a respeito de uma
nova criação (Is 65, 17) e um novo êxodo (cf. Is 11, 10-11; 15-16; 43, 16-22;
51, 9-11). Ele e outros, notavelmente Ezequiel e Jeremias, falaram da vinda do
Novo Pastor-Rei da casa de Davi e a restauração do reino (cf. Is 9, 1-7; Jr 23,
5-6; Ez 16, 59-63; 34, 24-30; 37, 23-28).
Os autores do Novo Testamento
viram as grandes “tipologias” – a criação, o êxodo e o reino-aliança de Davi –
sendo recapituladas na Nova Aliança de Jesus.
Jesus era o Novo Adão, o
primogênito da nova criação (cf. Rm 5, 14; 1 Cor 15, 21-22; 45-49). Sua cruz e
Ressurreição foram um novo êxodo (cf. Lc 9, 31; 1 Cor 10, 1-4). Sua Igreja é a
Nova Jerusalém e o Novo Reino de Davi (cf. Gal 4, 26; At 1, 6-9; Ap 1, 6).
Como veremos nas próximas aulas,
os autores do Novo Testamento também desenvolveram um entendimento “tipológico”
do papel de Maria na história da salvação – como a Nova Eva, a Nova Arca da
Aliança e a Nova Rainha-Mãe do Reino de Deus.
Veremos que Maria é apresentada
misteriosa e inseparavelmente em relação a missão salvífica de seu Filho. A
repetição da frase “o menino com sua mãe” no Evangelho de São Mateus, portanto,
não pode passar desapercebida (cf. Mt 1, 18; 2, 11, 13, 14, 20, 21).
É assim que Maria foi retratada
numa das primeiras profissões de fé bíblicas: “Mas ao chegar a plenitude dos
tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de Mulher, nascido sob a lei, para
resgatar aos que se achavam sob a lei e para que recebêssemos a condição de
filhos” (Gal 4, 4-5).
O que o Novo Testamento diz sobre
Maria enche apenas uns poucos versículos. Contudo, diz-nos tudo o que
necessitamos saber: Maria foi santificada, destinada desde toda a eternidade a
dar a luz ao Verbo feito carne, o Filho unigênito de Deus e ser coroada mãe de
todos os que entram no Reino de Cristo.
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Fonte: Booklet Hail Holly Queen, Saint Paul Center of Biblical Theology - Dr. Scott Hahn, Ph.D.