terça-feira, 31 de março de 2015

A RENOVAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO - OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES DA RCC

A RENOVAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO
Denise S. Blakebrough



ORIGENS HISTÓRICAS DA “RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA” (RENOVAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO).



OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES
DA RENOVAÇÃO

1. Algo mais sobre os primeiros passos

Os Ranaghan seguem informando-nos em seu livro67. “Foi um acontecimento sobressalente o Encontro sobre a Renovação Carismática Católica que aconteceu no mês de março de 1968. Foi de grande significado e de uma grande profundidade, desde a imitação introdutória de Col 3, 12-17. Com esta exortação de são Paulo, como guia, o Encontro da Renovação teve início no campus”.

Quando a primeira reunião se abriu na sexta pela tarde, uns cem cristãos avivados com o Espírito se saudavam uns aos outros em oração e amor. “Das Universidades de Texas, da Flórida, da Pensilvânia, de Illinois, de Indiana e de Ontário; congregávamos para ‘ensinar-nos e admoestarmo-nos mutuamente em toda a sabedoria’, para ‘cantar salmos e hinos’ e para louvar o nome do Senhor Jesus”. A sessão de abertura caracterizou-se por orações de louvor e partilha sobre as boas novas do que o Espírito havia feito em distintas comunidades representadas. Através dos dons de profecia e conhecimento, o grupo recebeu diretrizes e orientações do Senhor para poder alcançar mais compreensão e participação nos graves e apremiantes problemas da humanidade: guerras, conflitos raciais e pobreza.

Uma e outra vez se nos ensinava que a observância de nossa responsabilidade é tão grande como o poder do Espírito Santo que nos dá vigor e força. Como sinal prático e tangível, Jim Byrne, um professor de Notre Dame, teve a inspiração de sugerir que o dinheiro que havíamos arrecadado para a alimentação de sábado fosse entregue, num gesto comunitário, ao presbítero William Manseau de Boston, para seu trabalho com os pobres no centro da cidade. Assim se fez. Oração e cantos de louvor se prolongaram até tarde da noite. A rica harmonia das “canções em línguas” se elevou espontaneamente várias vezes, achando eco ante o gozo de estar reunidos com este novos irmãos em Cristo. A sessão da noite terminou como havia começado: com Jim Cavnar de Ann Arbor dirigindo-os com seu violão e um acompanhante com um pandeiro, numa ressoante versão do Salmo 150: Todo o ser que respira louve ao Senhor!

No sábado pela manhã tivemos a oração de Laudes ao ar livre, na gruta de Nossa Senhora, presidida pelo Padre Edward O’Connor de Notre Dame. Naquele então, o número de participantes havia alcançado uns duzentos. Depois de tomar café e saudarmo-nos mutuamente, reunimo-nos no edifício da Administração, sob a cúpula dourada, para a conferência da manhã. O conferencista foi Ralph Martin, por quem se havia orado previamente para que recebesse a unção do Espírito Santo e a plenitude do dom para pregar. Com palavras potentes e  penetrantes, escutamos-lhe proclamar o senhorio de Jesus: Jesus é o Senhor de toda a criação: dos homens e mulheres, do trabalho, das diversões, dos estudos, das plantas, dos animais, de todo o sublime e de todo o humilde. Ele é o Senhor dos ricos e dos pobres, dos marginalizados; dos doutores e dos que lavam e secam pratos. Nele subsistem todas as coisas. Unidade, amor Senhorio Universal. Ao terminar a mensagem, houve um momento de silêncio, enquanto meditávamos a palavra que nos havia dado o Senhor.

Depos de almoçar, pela tarde, tivemos uma série de dinâmicas onde cada participante podia considerar como afrontar a vida no Espírito, aprendendo formas de dar testemunho de Cristo, os princípios da vida no Espírito Santo, como exercitar e usar os dons do Espírito Santo, a base escriturística do Batismo no Espírito Santo e a integração entre vida carismática e litúrgica.

Uma missa foi celebrada culminando os acontecimentos do dia. O Padre Manseau destacou na homília nosso compromisso com os problemas da humanidade. Era nosso dever compartilhar com todas as criaturas de Deus o poder e o amor que havíamos recebido. No culminar deste dia, durante a Eucaristia, um pouco antes do ofertório, Tom Bettler, nas vésperas de graduar-se em Notre Dame, fez sua profissão de fé, foi recebido oficialmente na Igreja Católica e recebeu a primeira comunhão. Um motivo a mais para celebrar!

Ao terminar o jantar (recordam ter comido frango), descansamos e nos preparamos para a reunião da noite, que consistia em orações, canções e reflexões acerca de nossa vida em Cristo. As muitas declarações apoiando ao cristão carismático, achadas nos documentos do concílio Vaticano II, foram expostas pelo Padre O’Connor, quem guiou o tom das meditações. Recordam que eles estavam com sono, motivo pelo qual a sessão foi breve, mas a presença de Deus não foi grandiosa. Antes de finalizar o ato, o Senhor falou-nos através de uma profecia em línguas e nos deu a interpretação: Eu te estendo a mão. Só necessitas tomá-la e eu te conduzirei.

Algumas salas foram preparadas depois da reunião, para que aqueles que desejassem, pudessem receber instrução e conselho, por parte de pessoas mais formadas e responsáveis, designadas pelos encarregados do Retiro. (O que hoje chamamos de intercessão.) O Espírito do Senhor envolveu com sua paz e seu poder a todo aquele que o pediu na fé.

No domingo pela manhã, reunimo-nos na magnífica capela do Seminário Moreau, na beira do lago de Notre Dame. Três coisas se destacam neste relato: a riqueza da liturgia, a completa unidade que o Senhor nos deu durante a Celebração Eucarística e o sinal que nos deu o Senhor de sua direção e presença no Retiro através das palavras, na homilia de clausura, do Padre Walter Hanss de Rochester, de New York. Conta o padre que, no sábado a noite, enquanto preparava sua homilia, uma frase ia se repetindo em sua mente. Escreveu-as como um rascunho de seu tema do dia seguinte e desceu para a reunião de oração que estava chegando ao fim, junto no momento em que Dave Mangan, de Pittsburgh, dava a interpretação de uma mensagem em línguas.

Com muito gozo, mas não realmente surpreendidos, escutaram ao Padre Hanss dizer,  no final da homilia, que as palavras que o Senhor lhe havia dado para pregar eram as mesmas que tinha ouvido na interpretação em línguas da noite anterior: Eu te estendo minha mão. Tu somente necessitas tomá-la e eu te conduzirei. Onde quer que nossos caminhos nos levassem, a partir daquele fim de semana, para dar testemunho de Jesus, não estaríamos sós. O Senhor caminharia conosco e seu Espírito nos guiaria. E este conclusão jubilosa foi o fim da nossa conferência.

Outros focos de Renovação: Grupos de casais e pessoas de meia idade

A casal Ranaghan destaca que, em contraste com todo este fervor universitário, existiam também outras atividades mais comedidas de um grupo de pessoas de media idade e casais, em Boca Ratón, Flórida, grupo que, nos alvores do ano novo de 1968, reunia-se para orar na casa da Dra. Susan Anthony, do professorado de teologia da Universidade de Marymount. Isto prova que esta Renovação não era netamente juvenil. Utilizam um tom um pouco mais comedido, os cantos eram um pouco mais tradicionais, mas estes elementos se desenvolveram espontaneamente desde o próprio grupo. Contudo, a experiência do Espírito Santo é a mesma: análoga transformação e os mesmos dons ministeriais, o que prova que não há lugar vedado à obra do Espírito Santo.

Primeiras discussões teológicas e Grupos Marianos

Um dos acontecimentos mais notáveis durante 1968 foi a Conferência de Avivamento Carismático no Centro de Retiro Bergamo, em Dayton, Ohio, dirigido por Padre James Short, S. M. Esta conferência reuniu aos bem conhecidos eruditos Barnabas Ahern, Josephine Ford, Kilian McDonnell e Edward O’Connor, e versou sobre os prós e os contras da experiência de Pentecostes dentro do catolicismo. Não ficaram só em um exercício acadêmico, senão que se levou a cabo em um ambiente de oração e louvor ao Senhor.

Em seu número de 14 de junho de 1968, a revista Time publicou um artigo sobre a Conferência intitulado: Os carimas em aumento.

Neste mesmo mês se reuniram também em Assembléia Ecumênica 120 eclesiásticos na Universidade Católica de Dayton, em Ohio, para debater este ressurgimento. Foi surpreendente o fato de que alguns dos participantes católicos, em dita conferência, mostraram-se cautamente otimistas em quanto as possibilidades de incorporar a glossolalia e as curas dentro da espiritualidade de sua igreja e paróquia. O Diretor de Estudos Bíblicos Barnabas Mary Ahern, um experto no concílio Vaticano II, declarou que a glossolalia devia ser uma corrente no mesmo coração da Igreja, já que a vida da igreja é a vida do Espírito Santo68.

Dedezia-se que, tanto neste impressionantes assembléias, como na hora do almoço ou degustando um café entre uns quantos estudantes, esse reavivamento carismático continuava estendendo-se sem deter-se, tocando também aos grupos marianos (porque onde está o Espírito Santo, nada se estanca!).

2. A nascente Renovação Carismática se aproxima do ecumenismo

É necessário destacar uma afirmação do casal Ranaghan e de outros teólogos:

“Os seguidores da Renovação ‘não são pentecostais’ ainda que a Renovação fundamenta sua raiz em Pentecostes”.

É de suma importância ter em conta que nestes tempos o Espírito de Pentecostes se derramou sobre os católicos dentro da Igreja católica, esclarece Ranaghan.

Renovação Carismática Católica criou uma nova dimensão nas relações ecumênicas com os cristãos das igrejas pentecostais, os cristãos carismáticos das igrejas protestantes históricas. Além disso, temos nos encontrado com muitos cristãos evangélicos que não aceitam o pentecostalismo, mas com os quais compartilhamos o amor salvador de Jesus.

Em síntese, comentam como, durante séculos, levantaram-se muralhas de desconfiança e de medo entre os cristãos de distintos grupos. Para evitar este escândalo, durante os últimos cinqüenta anos (1968), as igrejas entraram em diálogo ecumênico que a vezes teve resultados maravilhosos e as vezes terminou em fracasso e frustração.

Atualmente, através da obra do Espírito Santo em cada um de nós, alguns dos prejuízos foram derrubados e se tem essa experiência comum do amor de Jesus. Desde esse sentido ecumênico, vemos católicos e evangélicos sentados juntos ao redor da Palavra de Deus, na comum experiência da salvação, para louvar ao Senhor em unidade e em amor.

Nossa unidade está longe de ser completa: Há diferenças de doutrina e prática, mas o louvor ao Pai e ao Filho e a vida no Espírito Santo são sinceras. O que não se pode fazer em tantos anos, o Espírito Santo o fez.

A experiência do Batismo no Espírito Santo é tão rica e tão diversa, pois o Senhor está derramando seu Espírito sobre a Igreja. A experiência toca grupos e indivíduos, mudando e enchendo a vida das pessoas. Não seria possível, desde aqui, abordar devidamente os que significa compartilhar a vida de Cristo. Somente homens e mulheres tocadas pelo Espírito Santo podem comunicar (ainda que muitos se sentem incapazes para fazê-lo) o profundo do amor de Jesus para com eles69. Até aqui, foi apresentado um extrato do relato que no faz o casal Ranaghan em seu livro Catholic Pentecostals, considerado, em seu tempo, como a “bíblia da Renovação”, porque não havia outro.

3. A Renovação não é movimento pentecostal

O pensamento de E. D. O’Connor, C. S. C.

Desde o mesmo grupo da Renovação na Universidade de Notre Dame que se foi estendendo às distintas Universidades dos Estados Unidos e, depois, a distintos lugares do mundo e como continuação do que foi exposto, deve fazer-se menção, na mesma linha, ao Padre Edward D. O’Connor, C. S. C., já citado, que desde o primeiro semestre de 1967 observou e, depois, participou nas mesmas reuniões que os Ranaghan, sendo os dois pioneiros em escrever na primeira revista que saiu em setembro-outubro de 1967, com o nome de ACTS Magazine, com o subtítulo de Today’s news of the Holy Spirit’s Renewal. Kevin Ranaghan intitulava sua constituição Roman Catholics: The Holy Spirit and the Renewal, que vinha a expresser o anteriormente exposto. Por sua parte, Padre O’Connor intitulava seu artigo A Catholic Pentecostal Movement, onde glosava sobre o crescimento do movimento; referia-se aos grupos de oração, ao espírito de gozo e paz que há neles, ao resultado da oração, ao desejo de ler as Escrituras, ao louvor espontâneo, etc., e concluía que seus meus haviam experimentado uma união mais profunda com a Igreja.

Mais adiante, Padre O’Connor escreve um livro, de orientação teológica, em 1971, The Pentecostal Movement in the Catholic Church, que foi traduzido no México em 1973, com o enunciado do título modificado: La Renovación carismática en la Iglesia Católica. Por que esta modificação? Ele esclarece a mudança do título na edição em espanhol.

Assim escreve: “São muitos os que acham pouco correta a denominação de Movimento Pentecostal e entre estes me encontro eu. Contudo, ela se popularizou bastante. Par um bom número de pessoas, o adjetivo “pentecostal” traz consigo ensinamentos, práticas e atitudes relacionadas com as igrejas pentecostais. Isto é lamentável, já que sua real vinculação é com a festa de Pentecostes e não com uma Igreja.

Não restam dúvidas de que as Igrejas conhecidas como pentecostais são um fator importante na Renovação, mas não a representam exclusivamente. Pelo contrário, como elas mesmas são as primeiras em reconhecê-lo, o direito de um grupo a chamar-se pentecostal, fundamenta-se no apego a esse grupo à doutrina evangélica relativa ao Espírito Santo e a suas inspirações”70.

O’Connor faz uma exegese teológica de como, em certos casos, viu-se obrigado a falar de “pentecostalismo” ou “espiritualidade pentecostal”, e acrescenta: “quero fazer constar que o fiz contrariado, porque penso que o movimento tem que ser considerado fundamentalmente não como uma interpretação original do cristianismo ou de uma nova escola de espiritualidade, senão como um renascimento de certos aspectos autênticos da vida cristã que haviam sido descuidados um tanto. Basicamente, só há uma forma de ser cristão e uma espiritualidade cristã, que podem se resumir e um conformar-se à imagem de Jesus Cristo por meio de seu Espírito que vive em nós”.

Esta é a base do cristão, que não necessita do movimento pentecostal para ser entendido.

Assim o especifica mais amplamente, no capítulo 10 do mesmo livro – Apreciação Teológica – que se comentará em outro apartadom já que aqui o único que se pretende ressaltar é a desviação dos dois primeiros livros que se escreveram com os títulos de Pentecostais. Nunca mais pareceram na Renovação estes nomes.

Tudo isso deu ocasião a maus entendidos neste sentido, motivo pelo qual Padre O’Connor esclareceu:

Seria injusto atribuir a quem se manifesta pentecostal os excessos abomináveis daqueles que fizeram mal uso do nome. Por outra parte, convém advertir que o que se faz aqui, em defesa do pentecostalismo, não deve tomar-se como aplicável a todo grupo que ostente esta denominação, nem muito menos a todas as atividades de um grupo determinadoCada caso deve ser julgado segundo suas manifestações71.

Não resta, portanto, neste sentido, nada mais para ser explicado sobre o exposto.

4. Patrick Bourgeois assegura: “os membros da Renovação não provêm dos pentecostais”

As vezes é interessante comprovar como pessoas distintas descrevem ao mesmo acontecimento. Como já expus em outro apartado, em minha investigação pude contar, afortunadamente, com o testemunho pessoal de Patrick Bourgeois, que foi um dos quatro católicos que participaram do grupo INTERDENOMINACIONAL, NÃO PENTECOSTAL, na casa de Miss Florence (Flo) Dodge.

Ainda que já se tenha feito referência, isto é o que textualmente escreve: “Previamente estiveram falando Ralph e Bill com o sacerdote episcopal, Sr. William Lewis, que lhes recebeu em sua casa, onde lhes apresentou um membro de sua própria congregação episcopal, Sra. Betty Schomaker. Esta pertencia ao grupo de oração dirigido pela Srta. Florence (Flo) Dodge, presbiteriana, que havia organizado, em seu domicílio, um grupo de oração há algum tempo. Era uma senhora culta, que exercia um cargo de responsabilidade em seu trabalho”.

Este grupo de oração era interdenominacional; não era um grupo Pentecostal como tal. Não eram estritamente fundamentalistas, nem ingênuas ou cândidas ante a Sagrada Escritura.

“Foi a este grupo de oração que participamos, no dia 13 de janeiro de 1967; nós quatro: William Storey, Ralph Keifer (falecido), Roberta (Bobbie) Keifer, que era esposa de Ralph, e eu (Patrick Bourgeois). Voltamos ao grupo no dia 20 de janeiro de 1967, mas somente Ralph e eu. No final desta segunda visita, ambos pedimos e recebemos, pela imposição das mãos, o Batismo no Espírito Santo.

“Assim o afirmo, escreve e transmito, para desvirtuar ao tópico eloqüente usado por pessoas que pensam, escrevem nos denominam Católicos Pentecostais72.

Patrick Bourgeois escreveu vários livros e, entre eles, em 1976, escreve o livro Can Catholics be Charismatics?, esclarecendo que não tenta ser uma história da Renovação, em um testemunho pessoal, mas sim um trabalho que traga uma luz teológica que edifique.

E acrescenta, falando do livro Pentecostais Católicos, escrito por Kevin e Dorothy Ranaghan:

“NÃO GOSTO DO USO DO TERMO ‘PENTECOSTAIS’ NO TÍTULO, JÁ QUE PODE DAR OCASIÃO DE MÁ INTERPRETAÇÃO” 73.

Adverte, assim, sobre a ausência de pentecostais em dito grupo.

Definição Teológica

Patrick Bourgeois se preocupou em evitar e superar qualquer confusão entre Pentecostes pentecostalismo.

Não creio que o significado teológico desta corrente de graça seja para sancionar um fundamentalismo como muitas denominações o interpretam. Creio, e sempre considerei assim, que a Renovação, que se iniciava, constituía a experiência básica de ser cristão, especialmente em relação com os Sacramentos de iniciação e de maneira especial com a Confirmação.

Uma intensa experiência de vida cristã, de Cristo e do Espírito, não requer dizer que resolveria qualquer problema teológico como tal, mas, se é o suficientemente madura, ajudaria na renovação da fé, o amor e a esperança.

Posto que se trata de uma experiência intensa, não é, portanto, surpreendente que se haja produzido muitas interpretações teológicas dela. Isto é bom. Mas temos que estar seguros, não devemos sancionar o fundamentalismo como se fosse a única interpretação lógica! É, contudo, muito difícil evitar cair nessa propensão, especialmente com respeito ao falar em línguas, um fenômeno que tendo a não sublinhar e ao que muitos protestantes colocam no centro do movimento Pentecostal74

Bourgeois conclui: A Renovação nunca foi pentecostal.

O Documento de Malinas I nos diz:

A existência de movimentos de renovação (tais como o Pentecostalismo clássico e o neo-Pentecostalismo) anteriores à renovação católica, sugerem a possibilidade de que a Renovação é essencialmente uma importação protestante. Ainda que seja verdade o fato de que eles nos precederam, as bases das renovações protestantes não são algo que elas possuam à margem da tradição católica. As bases estão fundamentadas nos testemunhos do Novo Testamento e na primitiva vida da Igreja, que eles têm em comum com os católicos75.

Por isso é impróprio que se siga chamando, em alguns lugares, aos membros da Renovação de “pentecostais-católicos”, ainda que, por relação, se escrevesse assim, no princípio, dando lugar a confusão, como dizia o Padre Edward O’Connor, o primeiro padre na Renovação.

O fato de que, em convergência com a Renovação, dentro da Igreja Católica, utilize-se a Efusão ou Batismo no Espírito Santoglossolaliacarismas e amor pela Sagrada Escritura não supõe igualdade de enfoque com os pentecostais.

divergência se manifesta no fato de que os pentecostais não estão submetidos a nenhuma autoridade hierárquica. Como se sabe, os primeiros pentecostais foram expulsos de suas igrejas e careciam de representantes eclesiais.

convergência se manifesta em que eles estão comprometidos com o Ecumenismo. Ainda que nada se possa definir como característico de pentecostais e católicos. Como tão pouco se poderia sugerir que Jesus falava em parábolas como algo exclusivo dele, quando, em realidade, Ele utilizava a maneira de expressar-se de seu tempo. Não somos exclusivistas.

Hoje também a igreja, melhor dito as Universidades, as Faculdades de Teologia, encontram-se ante a mesma encruzilhada, diante das idéias modernas, cujos elementos positivos devem ser assimilados sem perder a originalidade da mensagem católica.

Renovação, ao princípio em Notre Dame, dialogou com um grupo interdenominacional, mas nada mais. Em definitiva, errôneo seria, portanto, utilizar o termo “pentecostais católicos” na Renovação.

Não somos pentecostais... Somos católicos
Que experimentamos uma experiência de
Pentecostes... uma profunda experiência do
Espírito Santo.
The National Catholic Reporter (1968)

(Universidade de Notre Dame, South BendIndiana)




67 K. & D. RANAGHAN, Catholic Pentecostals (Pentecostais Católicos), Logos International, Paramus, N. J., USA 1969, 43-44
68 Ibíd., 44. São afirmações que a 35 anos atrás seguem ainda latentes. Isto se dizia nos alvores de um novo “reavivamento surgido na Igreja, por obra e graça do Espírito Santo”.
69 Ibíd., 45. É necessário notar que a partilha com evangélicos ou pentecostais teve lugar principalmente em South Bend e não em Pittsburgh. Assim se explica o fato deque o título do livro “Catholic Pentecostals” desse lugar, como já foi indicado, a confusões.
70 E. D. O’CONNOR, C. S. C., The Pentecostal Movement in the Catholic Church, Ave Maria Press, Notre Dame, Indiana, USA, 1971. No México 6, D. F., traduziu-se ao castelhano, como se indicou, com o título “La Renovación Carismática en la Iglesia Católica” em 1973, 28-32.
71 Ibíd., 32
72 P. L. BOURGEOIS, Ph. D., Can Catholics Be Charismatics?, Fundamentals of the Full Christian Life, Exposition Press, Inc. Hicksville, N. Y. 11801, USA 1976, 3-7. Como já nos referimos anteriormente, Patrick é pai de família e um homem muito inteligente e simples. Nunca quis que seu nome se sobressaísse no começo da Renovação, para mostrar ao mundo que o labor era todo feito pelo Espírito Santo. Foi emocionante saber, através de seus escritos, como ele viveu a história real.
73 Prometi a P. L. BOURGEOIS que recolheria suas palavras sobre este ponto (veja a respeito dos “Antecedentes Históricos”, no início da tese, sobre a Renovação).
74 P. L. BOURGEOIS, Can Catholic Be Charismatic?, Fundamentals of the Full Christian LifeExposition Press, Inc. Hicksville USA, N. Y. 11801, USA 1976, 8-9 E 15, e correspondências com a autora do presente trabalho.
75 Do Documento de Malinas I (de SUENENS), Theological and Pastoral orientations on the Catholic Charismatic Renewal, Belgium, maio 1974.

Nenhum comentário:

Postar um comentário