terça-feira, 31 de março de 2015

A RENOVAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO - CONSOLIDAÇÃO - RETIRO DE DUQUESNE

A RENOVAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO
Denise S. Blakebrough


Primeira Parte

ORIGENS HISTÓRICAS DA “RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA” (RENOVAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO).

Capítulo Terceiro

CONSOLIDAÇÃO DA RENOVAÇÃO:
RETIRO DE DUSQUENE, 17-19 DE FEVEREIRO DE 1967

O fim de semana de Duquesne não foi um acontecimento isolado, mas uma repentina erupção do fervor de Pentecostes na Igreja, desde o Concílio Vaticano II em Roma, que se estendeu com grande força pelo mundo. Chamamos este retiro de a consolidação da Renovação Carismática Católica, como se indica no capítulo anterior, porque a primeira experiência do Batismo no Espírito Santo a tiveram, primeiramente, os professores e, logo depois, estendeu-se rapidamente aos estudantes e a outras pessoas.

Vamos oferecer três versões distintas, transcritas a partir de suas fontes, informando com rigor e objetividade, de maneira que conheçam os fatos desde diferentes ângulos. Uma destas versões é bastante conhecida na Renovação, segundo o livro do casal Ranaghan e o de Patti Gallagher Mansfield.

As outras versões resultam possivelmente desconhecidas. A uma dessas versões eu só tive acesso no Arquivo da Universidade de Duquesne e do Espírito Santo, em Pittsburgh, através do encarregados dos Arquivos, Paul H. DeMilio. Faça-se alguma referência a mesma no livro: “The Spirit that Gives Life”, The History of Duquesne University, 1878-1996, por Joseph F. Rishel, quem pediu a Bill Storey, professor muito bem considerado na Universidade, sua versão com respeito ao Retiro de Duquesne, e este entregou-lhe o informe manuscrito de várias páginas, feito por ele mesmo em 1994, cópia a qual Paul DeMilio também me brindou. É um documento digno de se ter em conta.

O conhecimento da última versão se deve, também, de alguma maneira, ao encarregado dos Arquivos, ao por-me em contato com o capelão que acompanhou os professores e estudantes no Retiro de Duquesne em 1967, Joseph Healy, com que falei pessoalmente e que me deu uma versão escrita do seu testemunho. Estas duas versões não foram dadas a conhecer previamente33.

Descrição do Retiro

Importante é a experiência compartilhada por William (Bill) G. Storey no retiro de fim de semana de Duquesne, já que, com Ralph Keifer, foi um de seus organizadores. Sendo Bill Storey testemunha direta, deve-se tomar seu testemunho em primeiro lugar.

Além do mais, recordemos que, junto com Patrick Bourgeois, ele participou durante mês, prévio ao retiro, das reuniões de oração na casa da Sra. Dodge (Flo). É significativo seu testemunho porque o contato de Bill Storey com a Renovação é nulo há mais de vinte anos, e a versão que, resumida, aqui se traduz, consta no já citado escrito dirigido à Universidade de Duquesne, hoje em seus arquivos. Data de janeiro de 1994, mesma data em que se requeriu o seu testemunho para ser publicado o capítulo de Religião do livro escrito por Joseph F. Rishel sobre a Universidade de Duquesne e do Espírito Santo, “The Spirit that Gives Life”, ainda que, finalmente, só se mencionou e não foi incluído na sua totalidade34.

No livro, crê-se que esta Universidade é o lugar de nascimento da Renovação Carismática Católica, no qual participaram os professores William G. Storey, Ralph Keifer e Patrick L. Bourgeois.

Na continuação, inclui-se o resumo do extrato do relato inédito de Bill Storey35.

Antecedentes

Meu interesse no que hoje se chama Renovação deveu-se tanto a causas remotas como a próximas. As remotas foram minhas origens metodistas e anglicanas, que me deixaram anelos por um culto mais vital que o que experimentei na Igreja católica pré e pós-conciliar. As causas mais próximas foram:

a)      Meus estudos sobre as origens e desenvolvimento das liturgias orientais e ocidentais, e minha crescente convicção, ainda desde o Ensino Superior, de que a Liturgia Católica era uma decadente forma de culto cristão, em desesperada necessidade de uma profunda revitalização.
b)      Meu entusiasmo pelas reformas litúrgicas e eclesiológicas iniciadas pelo concilio Vaticano II e minha crescente consciência de que era muito mais o que se necessitava para fazer o culto mais atrativo aos cristãos em seu conjunto.
c)      Minhas boas relações com os bispos, naquele então.
d)      Meu rápido progresso ecumênico e minha profunda convicção de que todas as igrejas cristãs teriam que aprender umas das outras e compartilhar seus tesouros espirituais.

Por conseguinte, quando, através da influência de amigos, incorporei-me ao movimento dos Cursilhos de Cristandade e li um livro escrito por um pentecostal, vislumbrei suas raízes e seu ambiente no Século XX. Acompanhado por Ralph Keifer, professor de Duquesne (que também leu o livro, mas não queria fazer-se pentecostal) decidimos assistir ao culto interdenominacional da Sra. Dodge em North Hills, em Pittsburgh, e experimentar primeiro suas formas de culto. Fizemos isso depois de termos entrevistado ao Reverendo Lewis, pastor episcopal (anglicano), no dia 6 de janeiro de 1967; ele informou-nos ( com a ajuda de uma fiel da igreja) sobre os antecedentes e a maneira séria de levar o grupo de oração.

Quatro de nós assistimos a esse primeiro encontro no dia 13 de janeiro, na sala da Sra. Dodge; éramos Ralph Kiefer e sua esposa, Bobbie, Patrick Bourgeois e eu. Minha esposa disse não ter interesse naquilo e não foi. O primeiro encontro interessou-me pelo ambiente cordial e amigável que ali havia, sua aparente espontaneidade, sua peculiar forma de oração (falando em línguas, profecia e interpretação e oração de intercessão pessoal) e pela circunstância de o grupo ser dirigido por uma mulher.

Na semana seguinte, dia 20 de janeiro de 1967, Ralph Keifer e Patrick Bourgeois voltaram; o grupo orou por eles e receberam o Batismo no Espírito Santo. Voltamos e eles oraram por nós, a fim de que recebêssemos o dom de línguas como um sinal de havermos sido cheios no Espírito Santo. Eu não recebi tal “dom”, nem naquele então, nem mais tarde, mas fiquei impressionado e edificado por sua experiência e desejei aprender mais. Creio que foi também nesta ocasião em que Patrick Bourgeois, professor de filosofia de Duquesne, esteve presente e falou em línguas. Posto que nossos “corações estavam ardentes”, como dizia John Wesley, por estas novas experiências, nós decidimos continuar buscando a Deus desta forma e ver o que poderíamos aprender delas.

The Duquesne Weekend

Justo antes das férias de Natal, Ralph e eu havíamos nos comprometido com “A Arca e a Pomba”, uma casa de retiro em North Hills, para um retiro de fim de semana, para nós e para vários estudantes integrantes de grupo de “estudos bíblicos”, pertencentes, por sua vez, aos grupos de oração da “Sociedade Chi Rho”.

Depois de viver nossos recentes contatos interdenominacionais, decidimos deixar de lado o programa de estudos, e, ao invés disso, concentramo-nos nos primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos e em sua possível conexão espiritual e litúrgica com os grupos mais avançados. Como neófitos, analisar esta parte da Escritura foi tão prematuro como presunçoso, mas procedíamos, em tudo, honestamente, ao escolher estudantes avançados para debater teologicamente sobre vários aspectos da oração matutina, vespertina e as missas que celebraria nosso querido e fervoroso capelão Padre J. Healy, C. S. Sp.

Os retiros começavam nas sextas-feiras. O nosso começou no dia 17 de fevereiro e ia prolongar por todo o sábado e quando todo o domingo. Nosso cuidadoso programa veio abaixo já que, tão ligo começamos na sexta pela tarde, as pessoas começaram a abandonar uma festa de aniversário que haviam preparado e começaram a subir para à capela, onde começaram a orar em voz estrondosa. Alguns também oravam em silêncio, atirados ao chão. Isto durou quase toda a noite. Liam em alta voz passagens da Bíblia, diziam orações espontâneas, havia êxtase, orações em línguas, choros, risos, agitação excessiva da capela até os quartos, e poucas, muito poucas pessoas puderam dormir naquela noite.

O dia seguinte foi alegre, jubiloso, excitante e um pouco perturbador. Eu fui mais um participante passivo que Ralph, quem tomou muito a sério o “exorcizar” alguns casos difíceis e assim aumentou o nível de entusiasmo nos estudantes. No domingo pela manhã eu estava profundamente preocupado e tratando de compreender as experiências espirituais ao meu redor. Tratei, por todos os meios, de evitar que continuassem. Ralph e eu sentimos também uma sensação especial, particularmente depois de uma muito animada celebração da missa por Padre Healy. Ainda mais, um dos estudantes me pediu que interviesse e pusesse fim ao que se sucedeu ali, mas não encontrei recursos suficientes para fazê-lo, e o retiro terminou em um mar de confusão.

Assim foi o fim de semana, motivo pelo qual na segunda-feira pela manhã determinei-me a procurar o bispo para contar-lhe o que havia acontecido. Atendeu-me ao telefone e pôs-me a ouvir-me atentamente, mas praticamente sem comentar nada; pediu-me que lhe apresentasse um informe por escrito. Mais tarde, fiquei sabendo que ele havia conversado com as freiras que trabalhavam na casa de retiros e que ele obteve a sua versão da história. Por isso, não deu importância ao que aconteceu no final de semana de “A Arca e a Pomba” e excluiu todo o contato conosco, até que, um bom tempo depois, escreveu-se sobre o assunto da existência de católicos carismáticos; naquele então, ele havia sido nomeado cardeal. Nas semanas que se seguiram, depois daquele fim de semana, sucederam-se as perguntas por parte dos estudantes, que queriam saber mais. Também tiveram lugar encontros de oração e consultas com outras pessoas.

Expansão

Por uma estranha coincidência, tanto Ralph como eu visitamos a Universidade de Notre Dame umas quantas semanas depois. Ralph, interessando-se por um posto de professor no Colégio de Santa Maria e com o desejo de entrar no programa de doutorado em estudos litúrgicos; e eu – para minha surpresa – para ser entrevistado em Notre Dame como futuro professor de Liturgia e História da Igreja. Assim sucedeu-se que, tanto Ralph como eu, que havíamos sido antigos alunos em Notre Dame e tínhamos amigos ali, descobrimos que já lhes haviam chegado rumores do que havia acontecido em Duquesne e estavam ansiosos para ouvir mais! A maioria deles estavam bem preparados para um desenvolvimento espiritual superior, seja por serem membros ativos nos Cursilhos de Cristandade, seja pela participação nos grupos de estudos da Bíblia. Ralph e eu fomos o suficientemente imprudentes para contar-lhes tudo o que havíamos ouvido e visto desde o dia 6 de janeiro de 1967. Assim, por volta de março-abril de 1967, uma grande explosão carismática havia começado na Universidade de Notre Dame36.

Outra versão do Retiro, contada pelo capelão: Padre Joseph A. Healy

Joseph A. Healy, capelão em 1967 da Universidade de Duquesne e do Espírito Santo, testemunha presencial e excelente pessoa – considero um privilégio tê-lo conhecido – descreve-nos algumas recordações pessoais de Duquesne Weekend desde outro ponto de vista que considero importante, interessante e, até agora, da mesma forma que o ponto de vista de Bill Storey, desconhecido. Assim contou Joseph A. Healy37.

Introdução

Não tenho nenhum contato direto com a Renovação Carismática há mais de 25 anos. Em alguns informes, indica-se que pessoas e grupos tiveram experiências negativas, enquanto outros assinalam que houve um grande enriquecimento espiritual. Eu nunca tive uma “experiência de Pentecostes”, nem me considerei como parte do “ressurgir carismático”. Contudo, estive bastante comprometido no que se chamou de “The Duquesne Weekend”, considerado por muitos como a consolidação da Renovação entre os católicos. Os comentários que seguem são uma recapitulação e interpretação pessoal dos sucessos conectados com esse fim de semana.

Antecedentes

No final de 1965 fui nomeado “Capelão e Diretor da Comissão do Campus universitário em Duquesne”. Durante esse tempo cheguei a ser um bom amigo e colega do Dr. William Storey, do Dpto. de História, e de Ralph Keifer, um instrutor de teologia.

O Dr. Storey havia fundado anteriormente a “Sociedade Chi Rho”, grupo de estudo bíblico-social, ação & oração, no Campus. Durante vários anos colaboramos em planificar e conduzir “Antioch Weekends”: um programa para estudantes tomando como modelo os finais de semana dos Cursilhos de Cristandade. Minha impressão é que a formação dos “Antioch Weekends” se desenvolveram seguindo as pautas dos Cursilho de dois leigos do Campus da Universidade de Notre Dame, em South Bend (Steve Clark e Ralph Martin) que eram amigos do Dr. Storey. Sendo assim, os professores e eu programamos um Retiro de fim de semana para fevereiro de 1967. Pensei que o tema era “O Espírito Santo no mundo, hoje”. A participação neste fim de semana estava aberta a todos os estudantes, mas os membros da “Sociedade Chi Rho” constituíam o núcleo.

The Duquesne Weekend

No sábado pela manhã do fim de semana, o diretor da casa de Retiro nos disse que estavam com um problema com o encanamento e que não havia água. Se não era possível concertar os canos, o programa teria que ser cancelado e o centro fechado. Soube, depois, que quando estas notícias se propagaram, alguns participantes foram para a capela, rezando para que o programa continuasse. Ouvi, “depois do fato”, e de segunda mão, que, por volta das seis, uma das pessoas que esteve rezando saiu da capela, foi a um lavabo, abriu a torneira e havia água. Correu para a Capela e supostamente anunciou que um milagre havia acontecido e que eles tinham água. Isto, aparentemente, precipitou uma exuberante resposta do grupo de oração.

Alguns participantes descreveram o que havia sucedido como “o milagre da água”; o que não souberam ou não quiseram saber foi que o sistema de água havia sido consertado, como o Diretor do Centro expressou: “o milagre real foi que nós temos um encanador que vem às nossas casas aos sábados”. Não soube disso até que uma ou duas pessoas alheias aos diretamente implicados vieram a perguntar-me sobre o que é que estava acontecendo na capela. Informaram-me que havia estudantes rodando no chão, rindo e chorando, orando alto e ininteligivelmente. O resto do fim de semana foi, para mim, um tropel de perguntas, confusão, ansiedade e estresse. Pareceu-me que nosso grupo se subdividiu em três subgrupos: Bill Storey, Ralph Keifer e os estudantes da capela que estavam convencidos de que tinham uma experiência pentecostal e que podiam orar em línguas e expulsar demônios, etc; outros estudantes pensaram que os que estavam na capela estavam loucos; entre estes dois grupos, haviam outros que queriam saber: “Se isto havia acontecido com eles, por que não comigo?”

Ao longo do sábado pela noite e no dia de domingo – e outros finais de semana no Campus – empreguei muito tempo e energia tratando de compreender a experiência do primeiro grupo para “explicá-la” ao segundo e para tranqüilizar ao terceiro. Uma estudante esteve tão alterada que saiu da casa de Retiro, tentando voltar andando ao Campus, numa distância de mais de 10 milhas (16,6 Km). Tratei de alcançá-la andando em meio a um grande frio. Afortunadamente um dos encarregados do Campus nos deu uma carona de volta. Finalmente, este de acordo em voltar, não por nada do que eu disse, mas porque viu como eu estava sofrendo por causa do mal tempo que fazia em fevereiro.

O Depois

Inicialmente considerei o que havia sucedido como uma espécie de experiência religiosa pelo “grupo da capela”. Soube depois que, antes do fim de semana, Bill Storey havia participado em um grupo de oração interdenominacional e conheci sua convicção de que os bíblicos “dons do Espírito Santo” tinham que estar presentes e operantes no mundo de hoje. Uns poucos estudantes me disseram que eles foram a este fim de semana “esperando que acontecesse algo”. Isto não invalidou suas experiências, mas me deu uma perspectiva diferente dos fatos.

Nos meses seguintes, o que haviam sido sessões de estudo bíblico se converteram-se em reuniões de oração. Isto incitou a alguns a deixar o grupo e outros a unir-se a eles. Varias coisas me preocuparam. Muitos pareciam inquietos com suas experiências religiosas e menos interessados com as necessidades humanas dos outros no Campus ou em qualquer lugar. Alguns desenvolveram uma atitude que sugeria – em alguns casos, insisto – que a corrente carismática era “o único caminho” e se não estavas com ela, estavas contra. Um presbítero, que mais tarde chegou a ser parte desta corrente, perguntou-me por que eu não participava, depois de ter estado tão envolvido neste fim de semana... Ele concluiu dizendo que “eu estava resistindo ao Espírito Santo”.

Os “Convertidos” a um movimento ou promotores de uma causa religiosa ou secular podem tornar-se excessivamente entusiastas em seu zelo, em seu ardor. Estes são, afortunadamente, dos males, o menor. Sérios problemas podem surgir, contudo, quando eles se consideram a si mesmos particularmente inspirados e autorizados a intervir nas vidas de outros. Cito dois casos em Duquesne que me preocuparam especialmente.

Dois dos participantes, durante o retiro do fim de semana, eram estudantes-professores. Eles determinaram que dois de seus discípulos necessitavam serem exorcizados. Levaram-nos a uma das salas vazias que formavam parte da Capela da Universidade para levar a cabo o ritual. Encontrei-os acidentalmente e lhe insisti que deviam parar com aquilo. Eles condescenderam, mas fracassei ao tentar persuadir-lhes de que o que eles estavam fazendo está mais além de suas competências. Estou certo de que, se eu (ou alguém) não lhes tivesse interrompido, os estudantes do bacharelado teriam sido seriamente traumatizados.

Por outro lado, um estudante de Duquesne que não pertencia ao grupo foi hospitalizado para um tratamento em condições de um mal crônico nos rins. Alguns dos carismáticos insistiram em ir até o seu quarto, para orar sobre ele impondo-lhe as mãos para que ficasse curado. O paciente os recebeu bem por seu interesse e tomou com apreço suas orações, mas não foi curado e sentiu-se ofendido por suas constantes visitar sem avisar, bem como suas orações quando ele sequer lhe havia convidado para fazê-lo.

Conclusões

Durante um período de tempo o ressurgir carismático deixou de ter uma presença significativa no Campus de Duquesne. Várias causas contribuíram a isto. Alguns dos estudantes mais ativos se graduaram. Outros se envolveram em outros grupos fora do Campus. Eu deixei de participar nas reuniões de oração e o ressurgir carismático não foi, por mais tempo, conectado com o ministério do Campus. Além do mais, Bill Storey e Ralph Keifer já haviam deixado Duquesne, associando-se à Faculdade de Notre Dame.

Não estou o suficientemente qualificado ou experimentado para avaliar a Renovação Carismática ou para julgar as vivências religiosas de sujeitos que participaram nele. Comparto estas descrições e experiências simplesmente como as percebi, constituem uma recoleção e interpretação do que sucedeu no Retiro do fim de semana de Duquesne e, depois, no Campus. Informes publicados indicam que a Renovação Carismática cresceu enormemente, amadureceu e tomou um importante papel na Igreja e nas vidas de muitas pessoas38.

Terceira versão da Renovação Católica em Duquesne, Pittsburgh: Patti Gallagher, Patrick Bourgeois, David Mangan e Karin Sefeik

Estes acontecimentos são conhecidos em grande parte pela maior parte das pessoas que são membros da Renovação. Os relatos foram tomados de Patti Gallagher Mansfield39, assim como do testemunho de David Mongan, que me transmitiu seu testemunho em Ann Arbor em 1998, e o de Karin Sefeik, presentes, entre outros estudantes, em A Arca e a Pomba (The Ark and the Dove).

Estes são seus testemunhos. Segundo eles, àquele lugar estiveram, na sexta-feira do dia 17 de fevereiro de 1967, uns vinte e cinco estudantes acompanhados do capelão da Universidade de Duquesne e do Espírito Santo, Padre Joseph A. Healy, religioso do Espírito Santo, e os professores Ralph Keifer e Bill Storey (Patrick Bourgeois não pode participar devido a estar preparando uns exames). Ali, ficaram sabendo que estes três professores haviam sido Batizados no Espírito Santo um mês antes, mas, até então, ninguém sabia nada sobre o particular. Foi um retiro que fez época, pois consolidou a Renovação Católica, já que o Espírito Santo começou a atuar com poder, desde a mesma raiz da Igreja Católica, manifestado em cada um de seus membros ali presentes, sem intervenção, em vários casos, da imposição das mãos. “Foi como um novo Pentecostes”, narra Patti Gallagher Mansfield, em seu livro ao que remeto por ser longa a sua descrição40.

Deste livro escrito pelos estudantes sobre o Retiro de Duquesne, comenta Patrick Bourgeois, na carta pessoal que recebi no dia 19 de janeiro de 2001, e que creio importante transcrever aqui o que se segue41. Depois de uma introdução, manifesta:

Penso que são corretos fatos que apresentas sobre a Origem da R. C. C. Não tenho comigo minha cópia do livro de Patti e, por conseguinte, não posso ler o que você reivindica.

Creio que poderias evitar dificuldades para explicar os fatos fazendo uma comparação e uma distinção. Podes comparar os sucessos desta Renovação com os sucessos no Novo Testamento. Cristo vivo pregou a vinda do Reino e a mensagem da salvação. A Igreja nasceu, contudo, em Pentecostes. Alguns, como Patti, referem-se a um segundo Pentecostes com os acontecimentos da “Arca e a Pomba”. Isto não tira que algo aconteceu anteriormente em janeiro. Sem este acontecimento de janeiro não haveria existido a experiência do fim de semana com os estudantes que teve em lugar em fevereiro. A distinção está no que sucedeu-nos a duas pessoas e, depois, a umas quantas, em contraste com o que aconteceu àquela pequena comunidade de estudantes pouco depois.

A diferença entre os acontecimentos do Novo Testamento que culminaram em Pentecostes e os que levaram ao assim chamado segundo Pentecostes, em 1967, está em que estes já implicavam a revelação do Espírito em indivíduos que o Espírito não pode ser enviado até que Cristo ascendeu à direita do Pai, como se narra nos Atos dos Apóstolos.

Assim, neste sentido, pode-se dizer que a experiência da comunidade em fevereiro, origem do segundo Pentecostes, foi semelhante à experiência da comunidade no Novo Testamento. Não obstante, em outro sentido, pode-se afirmar com maior rigor que a Renovação como tal começou antes do sucesso de fevereiro.

É absolutamente certo o que tu afirmas, baseando-se em muitas fontes que podes citar, que a Renovação, como tal, começara já antes daquele fim de semana. Mas, a explosão pública começou em dito fim de semana (com os professores Ralph Keifer, Bill Storey e com os estudantes).
Também se constata no livro de Kevin e Dorothy Ranaghan, “Catholic Pentecostals”. Este foi o primeiro livro, que eu saiba, que contou a história destes acontecimentos. Veja nas páginas 13 a 18 e na página 20 e seguintes para uma confirmação dos fatos.

Podes ver no livro de Patti meu próprio testemunho. Ainda que não foram mencionadas datas, tens, contudo, as datas do que aconteceu comigo, e meu testemunho claramente mostra a minha própria experiência. Também houve uma pessoa no Canadá cujo testemunho coincide com o que sucedeu a mim antes daquele famoso fim de semana. Creio que seu nome era Collins, mas não estou certo. Meu testemunho expõe o que aconteceu comigo naquele dia 20 de janeiro e nos dias que se seguiram. O mesmo se pode dizer de Ralph Keifer, Bill Storey e outros.

Eu teria preferido que Patti tivesse colocado nossos testemunhos no princípio, mostrando que aconteceram antes do que sucedeu aos estudantes no fim de semana.

Isto teria esclarecido melhor a sequência e data dos acontecimentos.

Desejo-te êxito em tua tese”.

Na continuação, faz-se um resumo de uma parte dos relatos de Patti Gallagher, David Mangan e Karin Sefeik:

Patti Gallagher: estudante de Humanidades na Universidade de Duquesne (onde mais tarde graduou-se) buscava a novidade do Retiro de fim de semana, posto que confessa não ter participado anteriormente de um retiro. Como preparativo, disseram-lhe que lesse The Cross and the Switchblade (A Cruz e o Punhal), de David Wilkerson, e os quatro primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos. No dia anterior, comenta que, depois de ler o livro, o que mais lhe impressionou não foi a questão do “falar em línguas estranhas”, mas a claridade com a qual David Wilkerson reconhecia a vontade de Deus e ansiou ter também estes sinais claros acerca do que o Senhor queria dela, motivo pelo qual ajoelhou-se em seu quarto e pediu, em oração, a graça de poder ter um sentido mais profunda da presença do Espírito Santo e de seu poder em sua vida durante aquele retiro.

David Mangan: com 22 anos, licenciado em Humanidades pela Universidade de Duquesne. Convidaram-lhe como estudante graduado ao Retiro de fim de semana de 17 de fevereiro. Neste exato dia, contudo, ele voltara um pouco cansado do trabalho; havia comprado um gravador estéreo, queria prová-la e havia usado isto como desculpa para não ir ao retiro. Contudo, chegou em casa e, sem saber o porquê, nem  abriu o gravador; arrumou-se e foi passar o fim de semana com os amigos da Universidade. O retiro versava sobre o Espírito Santo e também lhe tinham pedido que se preparasse lindo o livro A Cruz e o Punhal, bem como os quatro primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos”.

Precisamente em sua turma de religião havia pensado em dar uma aula sobre o Espírito Santo, mas abandonou a idéia ante o fato de que não sabia o suficiente sobre esta matéria, assim, pensou que aquela seria a oportunidade de aprender. Por que pediram-lhe que fosse ao Retiro? Ele modestamente relata que simplesmente estava ali e que “lhe trataram de um modo que ele não merecia”. Interessou-se pela palestra do sábado pela manhã, sobre o capítulo primeiro dos Atos dos Apóstolos. Pontos fortes: o Espírito Santo significa “poder” e é necessário depender totalmente dele. Importância da oração. Confessou que não assimilou, naquele então, o alcance de dita mensagem. Destacou, em um posterior documentário, que “esta não fora a primeira vez que o Espírito Santo atuou entre católicos e que já haviam católicos batizados no Espírito Santo antes do fim de semana de Duquesne”.

Patti: Patti comenta comom se organizaram as atividades: ‘Um dos professores nos explicou que a razão pela qual os católicos muitas vezes não demonstram o poder do Espírito Santo em suas vidas é porque não se tem a fé suficiente de quem espera coisas grandes da parte de Deus. Faz-se necessário reafirmar o que aconteceu ao sermos batizados e abrir nossos corações ao Espírito Santo, porque Ele sempre escuta e responde às nossas orações’. Perguntou-nos se estávamos prontos para o que Deus faria em nós. Patti confessou que estava preocupada e, além disso, havia esquecido sua ‘necessaire’; colocou, contudo, eu seu bloco de notas, a frase: ‘Desejo um milagre’. E relata: Animaram-nos a cantar, antes de cada encontro, o hino: “Veni Creator Spiritus”.

As palestras se centraram nos quatro primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos. Na sexta, depois da palestra de abertura, houve uma liturgia penitencial. No sábado pela manhã, Paul Gray fez uma exposição sobre o capítulo primeiro dos Atos. Em seguida, celebrou-se a Eucaristia. Logo, Marrybeth Mutmansky e Karin Sefeik Treiber ofereceram uma meditação sobre as mulheres na Bíblia. Finalmente, houve uma palestra sobre o capítulo segundos dos Atos, que foi o momento chave do retiro, ao qual seguiu-se uma partilha entre grupos.

Pela tarde, a Sra. Schomaker, que havia sido convidada por Ralph Keifer e Bill Storey, falou-nos sobre o Batismo no Espírito Santo e o Senhorio de Cristo, ainda que não utilizou a mesma terminologia”.

David Mangan: Durante a partilha que se seguiu à palestra, David Mangan propôs que se celebrasse, num ato de clausura, uma renovação das promessas da Confirmação. Mas um problema na condução de água este a ponto de terminar com o retiro. Oraram para que se solucionasse o problema; quando, naquela noite, tinha programado a celebração de um aniversário, os planos do Senhor (que não são os nossos) entraram em movimento. O poder e a força do Espírito Santo começaram a agir eficazmente. Quase todos os jovens estudantes sentiram-se atraídos à capela, onde experimentaram a manifestação do Espírito Santo de um modo surpreendente. Como aconteceu? Depois da palestra sobre o Batismo no Espírito Santo e da reflexão em grupos, surgiram dúvidas sobre o porquê da necessidade de insistir em receber Jesus e receber ao Espírito Santo, se já o haviam feito no Batismo e na Confirmação.

Patti: através dos esclarecimentos, um dos professores compartilho que via sua relação com Jesus como sendo algo de pura conveniência pessoal, e que sentia a necessidade de uma conversão para submeter sua vida a Cristo, motivo pelo qual, ao caminhar e compartilhar com David Mangan, ‘decidimos renovar os compromissos da Confirmação. De modo curioso, o Espírito Santo desceu, naquela mesma tarde, sobre David e sobre mim numa rápida sucessão e do mesmo modo. E como atuou!’”.

Ao ir avisar aos estudantes, continua Patti: “ao passar pela capela vi alguns estudantes sentados no chão, orando. Eu me ajoelhei na presença de Jesus Sacramentado e, então, sucedeu-se algo que eu não esperava: experimentei a presença real de Jesus. Ele estava ali, o Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores, o grandioso Deus do Universo!”

De joelhos e tremendo, contei o que havia experimentado para Bill Deigan, que entrou na capela e se ajoelhou junto a mim. Ele me respondeu que havia falado com outros e que ali estava acontecendo algo que não estava programado, e acrescentou: “Fique aqui até que sintas que deves ir embora”. Permaneci ali por horas e horas. Pela primeira vez orei de um modo que chamaria de oração de abandono sem reservas... Eu estava de joelhos, mas, depois, encontrava-me prostrada ante o sacrário, comenta. Sem mesmo sentir, havia ficado descalça (como Moisés na Sarça). E ainda que queria ficar ali, sentiu que devia compartilhar com os outros. Como os Apóstolos, depois de Pentecostes, tinha que proclamar suas maravilhas.

Então, foi até aos outros estudantes e lhe disse: “Pelou que aconteça o mesmo com vocês. Este breve encontro com o Espírito do Senhor ensinou-me mais do que se tivesse passado uma vida toda estudando”. Sentiu que a misericórdia e o amor de Jesus lhe haviam preenchido. Dois jovens lhe perguntaram o que havia acontecido, pois ela tinha o rosto transformado, o que nem ela mesmo havia percebido. Efetivamente seu rosto refletia o que o Espírito havia feito em seu coração..., colocaram-se de joelhos e se puseram a orar. Aquele jovem tímida pôs-se a orar em voz alta pela primeira vez ante Jesus sacramentado: “Senhor, tudo o que fizeste comigo, faze-o com elas..., estava pedindo, sem dar-me conta, que o Senhor lhes batizasse com o Espírito Santo”... Comenta que foi o Seminário de Vida no Espírito mais breve que já existiu...

As pessoas chegaram com muitos problemas para aquele Retiro: falta de perdão, falta de paz, ódios... Até em meio do impulso soberano do Espírito o inimigo esteve atuando. No dia seguinte, preparando-nos para terminar o Retiro, havia uma jovem retorcida no chão. O Professor de teologia (Ralph Keifer, ela ocultou o nome) me disse: “Vem, Patti; vamos expulsar ao espírito maligno”. Fiquei desconcertada. Nunca sou se realmente acreditava na existência de tais espíritos. Pediu-nos que orássemos para fossem embora em nome de Jesus. Assim o fizemos e, imediatamente, a jovem tranqüilizou-se. Glorificamos a Deus”.

David Mangan: Do mesmo modo que aconteceu com Patti, de joelhos, ante a presença do Senhor, David teve uma experiência e nos relata:

Ao comprovar que, depois de rezar pelo problema da água, o problema havia sido resolvido (não sabiam que um encanador havia trabalhado para tal), fui comunicar isso aos demais. Assim que contei aos que estavam na porta da capela, entrei na mesma sem dar-me conta do que estava fazendo. Detive-me ante o altar... em seguida me prostrei chorando e sentindo um êxtase de alegria que possivelmente jamais volte a sentir. Chorei de modo tão forte, como nunca o havia feito em toda a minha vida, mas não derramei uma única lágrima. De repente senti a presença de Cristo de uma maneira tão real, envolvendo-me. Inundou-me um profundo sentimento de amor, uma presença do Espírito tão forte que não tenho como descrever. Tentava expressar algo, mas brotava em mim algo que eu não entendia (não sabia nada do dom de línguas), e de repente um grito de rebeldia saiu da parte superior de meus pulmões... Depois descobri que toda a casa tinha ouvido. Vieram correndo para ver o que estava acontecendo, mas viram um sorriso pacífico no meu rosto...

Depois que alguém recebe o Batismo no Espírito Santo, sente-se como um ébrio. Minha embriaguez durou entre nove a doze meses. Naquela noite a capela se encheu de estudantes que ali ficavam em oração. Entrou um professor e ia impondo as mãos sobre todos para que recebessem o Batismo no Espírito Santo, mas eu já o havia experimentado. E pensei depois: ‘minha teologia pôde ter sido fraca, mas minha experiência foi válida’”.

(Em junho de 1998 David entregou-me a cópia de uma página de seu diário onde figurava a frase manuscrita de sua experiência do Batismo no Espírito em 1967).

Karin Sefeik: Estava ajoelhada em silêncio, na capela, dando graças ao Senhor, quando entrou David Mangan, indo até ao Sacrário, prostrando-se no chão em um estado quase extático, e de repente começou a mover-se como pelo poder de uma pessoa invisível. Por uma espécie de inspiração, soube que David estava recebendo o Batismo no Espírito Santo. Também foi o começo de meu “próprio batismo”, uma tremenda e alegre manifestação do Espírito Santo me encheu de paz. No dia seguinte, notei que aquela paz, que eu havia recebido na noite anterior, ia se tornando mais profunda. Senti que a Mãe de Deus havia ganhado, também, um lugar mais especial na minha vida, ao ter eu mais desejo de ser melhor mulher e, algum dia, mãe” (Pentecostals Catholics, Kevin & Dorothy Ranaghan).

Patti: Não sei dizer o tempo que passei na capela; alguém me ajudou a levantar... Enquanto saía da capela e ia descendo as escadas só via amor nos rostos e não me dava conta do que estavam dizendo. Apoiei-me na parede e tive a tentação de duvidar do que estava ocorrendo. Dei-me conta de que aqueles acontecimentos não tinham nada a ver comigo, já que sou uma pessoa sensível, chorosa e não me convenço facilmente das coisas que acontecem. Enquanto pensava assim, soube que precisava voltar à capela e orar. Senti certo temor ao entrar, mas entrei. E de novo encontrei-me prostrada ao chão e com os braços em cruz. Estava orando, mas tinha estranha sensação... era como se estivesse escutando a alguém que me falava. Não o sei descrever. Tão pouco prestava atenção aos que entravam. Quando me levantei, vi, ao meu lado, uma amiga minha, que estava orando com grande alegria; olhando-a eu disse: “Que grande amor o do Senhor!”E ela me responde: “Sim, que grande amor!”.

Dias depois, Patti sentia que estava descobrindo de um modo novo à Igreja. Adquiriu os Documentos do Concílio Vaticano II para constatar todas as referências ao Espírito Santo, aos carismas e aos dons espirituais, pois pensava que, por mais intensa que havia sido a sua experiência do Espírito Santo no retiro, se a Igreja lhe mostrasse que não era autêntica, abandonaria sua própria experiência antes de abandonar a Igreja Católica. E para sua alegria, só encontrou palavras de alento nos Documentos, como em LG, 12. A Igreja estava afirmando claramente, através dos Documentos, que sua experiência do Espírito Santo era válida. ‘Sim! A Igreja tem que discernir os dons, mas sem extinguir ao Espírito! Aleluia!’”42.

Considerações

Recobrava vida a carta que um dos professores dirigiu a seus amigos da Universidade de Notre Dame: “Não necessito acreditar em Pentecostes; eu o vi”. A notícia espalhou-se como um incêndio, por cartas, ligações telefônicas e visitas pessoais. A Renovação no Espírito Santo, que nasceu na Igreja Católica através da imposição das mãos recebida por dois professores no dia 20 de janeiro de 1967, havia se consolidado naquele Retiro. Depois disto, eles seguiram reunindo-se em grupos de oração, primeiro na Universidade de Duquesne, depois na casa de Flo, mais tarde na casa de Ralph Keifer, onde formaram um belo grupo de oração. Precisamente ali Mary McCarthy recebeu o Batismo no Espírito Santo, e seu braço, que era inválido de nascença, melhorou muito, dando-lhe possibilidade de valer-se por si mesma.

Tanto professores como alguns estudantes, entre eles Patti, participaram alguns dias no grupo de Flo, mas curiosamente, como já se mencionou, este desapareceu seis semanas depois do fim de semana de Duquesne (a obra do Espírito Santo estava feita, os inícios, na casa de Flo, ficaram relegados à recordação).

Anteriormente também se mencionou que, tendo crescido o grupo em número de um cem e não cabendo nas casas particulares, passaram a reunir-se em um recinto do sótão da Cada de Retiro St. Paul of the Cross, dos Passionistas, onde Dave Mangan e seu irmão Tom eram os responsáveis do grupo. Ainda hoje recorda, com agrado, o Diretor do Centro, que celebrava-lhes a Eucaristia, Rev. Michael Salvagna, C. P. (Quando estivemos ali, monstrou-nos o lugar, que hoje serve de armazém).

Como o grupo seguiu aumentando, tiveram que dividir-se em grupos por distintos pontos de Pittsburgh; muitos continuaram, outros, por falta de preparação nos dirigentes, quem sabe, deixaram.

    








33 Uma breve referência ajudará para dar-nos uma idéia de onde se consolidou a Renovação e a paisagem que a rodeava, nas aforas de Pittsburgh. A casa de Retiro onde teve lugar o “Duquesne Weekend”, em fevereiro de 1967, chamado “The Ark and the Dove” (hoje Cardenal Wright Center), lugar histórico, é um recanto de paz e silêncio. Tive a graça de visitá-lo duas vezes; a primeira em 1997, depois da Assembléia Internacional, com alguns irmãos da Renovação.

Calam fundo tanto o lugar como as construções rodeadas de frondosa vegetação. Tratam-se de duas casinhas; uma maior, de dois andares. Na parte de baixo há duas salas de estar; numa delas se conserva o quadro de João XXIII. No outro lado está o refeitório, com uma vista maravilhosa para o bosque.

No primeiro andar se encontra a capela com o sacrário  à direita e o altar voltada ao exterior. Um quadro da Virgem e um quantos bancos completam o conjunto.

A outra casinha, que quase não se utiliza agora, segundo me informou o jardineiro, está separada. É muito pequena; consta de dois andares com apenas cinco quartos. Na entrada, há uma cozinha pequena, com uma pia. As duas casas formam a casa de Retiro com capacidade para 20 pessoas. Está situada em North Hills, a uns vinte e tantos quilômetros para o Norte de Pittsburgh. Ainda havia Renovação ali nas quartas-feiras: um grupo de oração. Proclamamos de novo o Magnificat, recordando àqueles que o haviam feito antes.

A segunda vez que visitei o lugar foi em junho de 1998. Ali me deram a notícia de que o haviam fechado porque a Diocese não podia arcar com os gastos. Efetivamente se pôde comprovar que estava quase tudo recolhido; eu estava ali justo há uma semana antes da casa ser fechada para dar lugar a um novo processo de urbanização (este era o projeto). Foi verdadeiramente doloroso dizer adeus, mas desde a capela recitamos, com grande esperança, o Salmo 23: O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará... porque para o Senhor não há nada impossível.

E... o Espírito Santo não falha: em dezembro de 1999, o P. SALVAGNA, passionista, comunicou-me que a Casa de Retiro havia sido vendida para as Irmãs da Divina Providência e seguirá cumprindo sua função.

(No livro Experiencias desde el Espíritu Santo, Madrid 1998, D. S. BLAKEBROUGH, podem ver-se fotos e legenda. O livro se encontra nas Ediçõe Paulinas, Plaza Benavente, Madrid e em Sereca C/ Fomento, 13, Madrid).

34 J. F. RISHEL, The Spirit that Gives Life, The History of Duquesne University, 1878-1996, (O Espírito que dá a vida, A história da Universidade de Duquesne, 1878-1996). Published by Duquesne University Press, 600 Forbes Avenue, PA 1582-0101, Copyright 1997.
35 W. G. STOREY, a quem visitei, como mencionei, na loja de livras que ele tem em South Bend. Notifiquei-lhe que tomaria notas do Documento manuscrito que ele enviou para o Livro “História de Duquesne”, e que se encontra no arquivo da Universidade. Essas notas são as que se incluem agora.

Tanto este texto como o do capelão que acompanhou o Retiro do Duquesne Weekend estão inclusos aqui por serem de capital importância para adentrarmos na verdadeira história dos começos da Renovação. Qualquer resumo deste texto escrito por Joseph Healy ou interpretações pessoais do mesmo tiraria a frescura e a espontaneidade ao testemunho de algo que foi vivido pelo narrador.
36 Ibid.
37 J. A. HEALY, membro da Congregação do Espírito Santo (“former Spiritan priest”= membro da Congregação do Espírito Santo), foi Capelão da Universidade de Duquesne e Diretor da Comissão do Campus em Duquesne de 1965 a 1975. Atualmente trabalha como “storeyteller” (escritor de contos). Entregou-me este documento manuscrito no dia 28 de junho de 1997, numa entrevista pessoal. Ver referências mais completas no livro de J. F. RISHEL “The Spirit that Gives Life, The History of Duquesne University, 1878-1996”Pittsburgh, copyright 1997.
38 Ibid.
39 P. GALLAGHER MANSFIELD, Como en un nuevo Pentecostés (Título orginal, As By a New Pentecost) tradução por SERECA, Madrid 1994, 62-63.
40 Ibid.
41 Carta de Patrick Bourgeois com sua opinião sobre o livro de Patti Gallagher.
42 Ibid.

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